Uma conselheira tutelar do Sol Nascente, em Brasília, está sob investigação após ser acusada de coagir uma jovem vítima de violência sexual e emitir comentários discriminatórios, alegando que ser lésbica e ateia é “coisa do demônio”. Cláudia Damiana da Silva, que ainda exerce suas funções, enfrenta uma série de acusações graves que envolvem violência institucional e coação psicológica, o que tem gerado revolta entre defensores dos direitos humanos e cidadãos comuns.
Entenda o caso
Os eventos ocorreram em setembro de 2024, quando a jovem, durante um atendimento na UPA do Sol Nascente, relatou ter sido vítima de abusos cometidos por seu pai. Ao invés de oferecer suporte, a conselheira tutelar proferiu ofensas e desdenhou da orientação sexual da jovem, afirmando que “ser lésbica e ateia é coisa do demônio”. Além disso, Cláudia ameaçou a adolescente com um ultimato: “Você escolhe: mudar de cidade para um lugar desconhecido, com outra família, sem celular, ou ficar com sua mãe?” Essa atitude culminou em um quadro de depressão severa na jovem, que tentou se suicidar logo após o atendimento.
Resposta das autoridades
Após as denúncias, o g1 entrou em contato com o Conselho Tutelar e o Ministério Público do Distrito Federal. A resposta foi alarmante: mesmo diante das acusações, Cláudia Damiana não foi afastada de suas funções e o processo continua em análise. A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) tomou a iniciativa de solicitar a prisão preventiva da conselheira e sua destituição, ressaltando que a gravidade das ações dela exige uma resposta à altura, não apenas pela proteção da jovem, mas para garantir a segurança de outras crianças e adolescentes.
Segundo a deputada, “quem pratica a lesbofobia e induz uma pessoa em vulnerabilidade ao suicídio representa risco à sociedade e deve ser responsabilizado criminalmente”. Ela defende que a conselheira deve enfrentar consequências administrativas e penais por suas ações, que violam não apenas direitos humanos, mas também os princípios éticos da profissão.
Investigações em andamento
O caso está sendo acompanhado por várias instituições, incluindo o Ministério Público, que iniciou um inquérito civil em agosto, e a Polícia Civil do Distrito Federal, que investiga o ocorrido através da Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM II). Além disso, a Comissão de Ética e Disciplina dos Conselheiros Tutelares (Cedicon) também abriu um processo administrativo, demonstrando a seriedade do caso e a necessidade de ações concretas.
A importância da defesa e do suporte a vítimas
Este incidente destaca a importância de ter profissionais capacitados e treinados no atendimento a vítimas de violência, principalmente no contexto de adolescentes que já estão em situação de vulnerabilidade. O tratamento adequado é essencial para que essas jovens possam encontrar a assistência necessária e superar traumas, ao invés de se sentirem ainda mais desamparadas.
Como buscar ajuda
Caso você ou alguém que conheça precise de apoio psicológico, existem várias opções disponíveis. O Ministério da Saúde recomenda procurar os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e unidades básicas de saúde, bem como acessar linhas de apoio, como o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece suporte emocional 24 horas por dia pelo telefone 188.
Este caso ressalta a necessidade urgente de reformar e fiscalizar os serviços de atendimento a crianças e adolescentes em situações de risco, assegurando que comentários discriminatórios e coação psicológica não sejam aceitos em nenhuma circunstância.
Acompanhe o desenrolar deste caso e continue a exigir proteção aos direitos das crianças e adolescentes no Brasil.