Ao acusar o Smithsonian de exagerar nos focos negativos da história americana, Donald Trump demonstra que a tentativa de silenciar versões incômodas permanece vigente. Essa prática tem raízes na história do país, sobretudo na ‘gag rule’ de 1836, que buscava apagar o debate sobre a escravidão no Congresso dos Estados Unidos.
O nascimento da ‘gag rule’ e sua importância histórica
Na década de 1830, o Congresso dos EUA enfrentava uma crescente quantidade de petições abolicionista de cidadãos do Norte, que pediam a libertação dos escravos. Essas petições eram assinadas por dezenas de milhares, muitas delas lideradas por mulheres impulsionadas pelo Segundo Grande Despertar.
Para silenciar esse movimento, o congressista Henry Laurens Pinckney propôs uma resolução para “colocar na mesa” todas as petições relacionadas à escravidão. John Quincy Adams, então deputado e ex-presidente, reagiu veementemente, defendendo o direito de expressão e a importância do aspecto democrático de ouvir a voz do povo.
John Quincy Adams e a resistência à censura
Adams insistiu na necessidade de que as petições fossem lidas e debatidas na Câmara, argumentando que a democracia depende do direito de dissidência. Quando o presidente da Câmara, James K. Polk, não reconheceu sua voz, Adams questionou: “Estou gagado, ou não?”.
Apesar de sua oposição, a resolução foi aprovada, instaurando a ‘gag rule’, que proibia até mesmo o debate sobre a escravidão na Câmara por quase uma década. Adams dedicou-se a derrubar essa norma, enfrentando ameaças de morte e tentativas de censura.
Padrão de repressão que perdura nos tempos atuais
Hoje, as manifestações de rejeição a narrativas que expõem os aspectos negativos da história americana, como a escravidão e o racismo, continuam a refletir esse mesmo espírito de censura. A busca por uma história “controlada” dificulta o reconhecimento de verdades incômodas e impede o debate aberto.
Lições do passado para o presente
A luta de John Quincy Adams contra a ‘gag rule’ ensina que a resistência ao silêncio e à mentira é essencial para a saúde de uma democracia. O combate à censura de hoje é, na essência, uma luta pela liberdade de expressar a verdade, mesmo quando ela desafia narrativas convenientes.
Segundo estudiosos, a história demonstra como o silenciamento é uma ferramenta poderosa para evitar o confronto com questões morais e éticas fundamentais à sociedade. É preciso aprender com o passado para garantir que a voz de todos seja ouvida.
Para mais informações, consulte o site da TIME ou leia sobre a história das batalhas contra a censura nos Estados Unidos.