No último sábado, dia 20 de setembro, a Catedral de Cristo Rei, considerada o coração espiritual da Arquidiocese de Joanesburgo, foi palco de três importantes celebrações que marcam a história da igreja e da comunidade local. A cerimônia não apenas comemorou o 65º aniversário da dedicação da catedral, mas também os 30 anos da histórica visita de São João Paulo II e a inauguração de uma placa que a reconhece como patrimônio histórico e cultural.
Uma celebração repleta de significados
A missa solene foi presidida pelo Núncio Apostólico para a África Austral, Dom Henryk Jagodziński, que representa o Papa Leão XIV. Durante a celebração, o Núncio presenteou o Cardeal Stephen Brislin com um cibório e relíquias de São João Paulo II, simbolizando a forte conexão entre a comunidade local e o legado do santo polaco, que visitou a catedral em setembro de 1995. O dia também marcou a chegada da nova cátedra do Cardeal, uma peça bordada com seu brasão e oferecida por um benfeitor privado.
“A catedral é um lugar de unidade”
Na homilia, Dom Jagodziński sublinhou que uma catedral vai muito além de ser um simples edifício bonito ou uma obra arquitetônica. Ele enfatizou: “A catedral é a igreja-mãe da diocese, onde está a cátedra do bispo, que é o sinal do seu ensinamento, do seu cuidado pastoral e da sua unidade com todo o povo de Deus.”
O Núncio acrescentou que a catedral é um local onde todos são chamados a se reunir: “sacerdotes e consagrados, famílias, jovens e idosos, ricos e pobres, pessoas de diferentes culturas e línguas. A catedral é um lugar de unidade, e quanto precisamos desta unidade no mundo e na Igreja de hoje.”
Dom Jagodziński também refletiu que a catedral, ao longo de seus 65 anos de consagração, tem sido testemunha da vida do povo, onde “celebrações de batismos e casamentos foram realizadas, e onde se chorou em momentos de perda, assim como se cantou em dias de festa.”
Uma mensagem de perdão e reconciliação
Recordando a visita de São João Paulo II em 1995, quando ele proclamou que “África viverá!”, Dom Jagodziński reforçou a atualidade da mensagem de perdão e reconciliação: “Sem perdão não há futuro; sem reconciliação não há verdadeira paz.” Ele se inspirou no exemplo do santo polaco, bem como em Nelson Mandela, destacando que o mundo precisa de pessoas que escolham a unidade em vez da divisão.
Ao concluir, o Núncio confiou a catedral a Cristo Rei e à proteção de Maria, Rainha da África, pedindo que continue sendo “um coração de unidade e um farol de esperança para toda a Igreja em Joanesburgo e em toda a África do Sul.”
Vozes da comunidade
A assembleia, composta por fiéis de várias paróquias, refletiu um forte espírito de pertencimento e gratidão. Fernanda Moisés, uma antiga paroquiana, descreveu o dia como “um dia de alegria, de festa, de participação, esperança e fé para os cristãos.”
O Padre Arnaldo Nyathi, pároco de Santa Teresa em Soweto e que já colaborou na catedral com a comunidade de língua portuguesa, destacou o caráter de ação de graças da celebração: “Era uma celebração de agradecimento a Deus pela presença da Igreja aqui como catedral, com vários grupos, pois é a Igreja mãe da diocese de Joanesburgo.”
Reconhecimento patrimonial
A cerimônia culminou com a inauguração de uma nova placa patrimonial, que reconhece a Catedral de Cristo Rei — dedicada à Imaculada Conceição de Nossa Senhora — como um tesouro arquitetônico e cultural e um sinal vivo da fé e resiliência do povo de Joanesburgo. Mais do que um simples monumento, a catedral é vista como uma testemunha de esperança, unidade e paz, inspirando gerações passadas, presentes e futuras.
Assim, a Catedral de Cristo Rei reafirma sua importância não apenas como um espaço sagrado, mas como um símbolo de união e força para toda a comunidade de Joanesburgo.
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