A Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP) aprovou, nesta terça-feira (23), a indicação de Wagner Rosário, ex-controlador-geral do Estado, para uma vaga no Tribunal de Contas paulista (TCE). Ele ocupará a cadeira deixada por Antonio Roque Citadini, que se aposentou há pouco mais de um mês. A votação finalizou com 59 votos a favor e 16 contra, marcando um desfecho diferente de outras três tentativas anteriores, que não obtiveram sucesso devido à oposição que visava “fritar” o aliado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Contexto da indicação
A indicação de Wagner Rosário ao TCE foi feita pelo governador Tarcísio de Freitas, e desde o início enfrentou duras críticas da oposição. Registros históricos sobre a atuação de Rosário, especialmente em 2022 como ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), geraram polêmicas. Ele participou de uma reunião ministerial em que foram discutidas medidas para desacreditar as urnas eletrônicas, o que posteriormente sustentou ações judiciais contra o governo Bolsonaro. Apesar de sua presença na reunião, Rosário não foi citado em investigações, tampouco no processo judicial que resultou em condenações.
Reações à aprovação
O deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL) criticou veementemente a indicação. Ele afirmou que “é inadmissível uma pessoa com esse histórico contra a democracia ser responsável por analisar as contas do estado” e prometeu movimentos na Justiça caso a votação fosse aprovada. A estratégia da oposição consistiu em tentar obstruir a sessão desde o começo, culminando em uma série de contagens de parlamentares e saídas do plenário por parte dos membros contrários à votação. Contudo, esses esforços não impediram o avanço da votação, que foi realizada como previsto.
Defesa de Wagner Rosário
Por outro lado, o deputado Barros Munhoz (PSDB) rebateu as críticas e defendeu Rosário, destacando seu histórico positivo e seu currículo robusto. “Ele é uma pessoa que só tem currículo positivo, nunca foi processado. Temos presidente da República, secretários e ministros que foram processados e presos. É o Rosário que vai pagar o pato? Não. É uma ótima escolha do governador Tarcísio”, afirmou Munhoz, sugerindo que as acusações eram meras tentativas de deslegitimação.
A polêmica da reunião ministerial
A fala de Wagner Rosário durante a reunião ministerial, realizada em julho de 2022, foi um ponto fulcral na discussão sobre sua indicação. Naquele encontro, o ex-ministro discutiu a credibilidade do sistema eleitoral, propondo que Polícia Federal, Forças Armadas e CGU chegassem a um consenso sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas. “A gente tem que se preparar para atuar como força-tarefa neste negócio”, disse Rosário, levantando preocupações sobre sua visão em torno do processo eleitoral.
Repercussões futuras
As inquietações em torno da nomeação de Wagner Rosário para o TCE se estendem a um cenário mais amplo de apuração da integridade do processo eleitoral no Brasil. Com as evidências fortalecendo a ideia de que a deslegitimação das urnas esteve por trás de tentativas de golpe, a escolha de alguém com histórico controverso em relação à democracia pode gerar descontentamento entre setores da sociedade.
Os desafios para Wagner Rosário à frente do Tribunal de Contas agora incluem a gestão de uma função que exige total imparcialidade e responsabilidade na análise das contas públicas. Sua indicação marca um novo capítulo na política paulista e poderá afetar a percepção pública sobre a estabilidade e a transparência do governo de Tarcísio de Freitas.
Com a aprovação transitada, a expectativa agora gira em torno das próximas ações de Rosário e como elas poderão influenciar a gestão financeira do Estado de São Paulo. O Tribunal de Contas se tornará um campo de batalha para debates sobre a ética e a responsabilidade pública, temáticas cada vez mais relevantes na atualidade.