O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, citou as sanções comerciais impostas ao Brasil, durante seu longo discurso na abertura da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, mas contou também haver cumprimentado e até abraçado Lula (PT) e disse terem combinado conversar na próxima semana. Após meses insultando o presidente americano e se recusando a telefonar para ele, Lula parece ter descoberto que Trump não morde.
O encontro se deu no corredor de acesso ao plenário da assembleia da ONU. O presidente aguardar sua vez no gabinete do secretário-geral da ONU, onde é avisado para sair quando o orador que o antecede conclui o discurso. Nesse momento, se ambos forem pontuais, é inevitável daquele que sai e com o outro, que entra.
O presidente afirmou que abraçou Lula antes de discursar, e que pretende se reunir novamente com o brasileiro. “Ele me parece um homem muito bom. Ele gostou de mim, eu gostei dele”, disse sobre Lula, sem saber que o brasileiro havia acabado de desferir novos ataques contra ele, ao discursar.
Mas, ao discursar, Trump criticou perseguição política no Brasil, que está “enfrentando grandes respostas a seus esforços sem precedentes de interferir nos direitos e liberdades de cidadãos americanos”. Para Trump, esse propósito contou com a ajuda de administrações anteriores dos Estados Unidos, em especial a de Joe Biden.
Além disso, Trump insistiu na tese de que as taxas adicionais a produtos do Brasil visam corrigir distorções tarifárias contra a economia Estados Unidos.
Estratégia
A iniciativa do presidente Donald Trump de elogiar o presidente Lula (PT), nesta terça-feira (23), em discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), foi avaliada como uma estratégia de “gênio” pelo jornalista Paulo Figueiredo e pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse não ter se surpreendido com o que chamou de “firmeza estratégica combinada com inteligência política” de Trump.
Os bolsonaristas acusados de articular sanções dos Estados Unidos contra o Brasil concluem que o chefe do governo dos Estados Unidos adotou o tom amistoso com o líder brasileiro como forma de pressionar Lula a negociar uma anistia ampla para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados condenados por crimes em “trama golpista”.
Trump discursou após Lula abrir a Assembleia Geral da ONU, e relatou que houve uma “química excelente” ao encontrar o líder do Brasil quando entrava para falar na tribuna.