O Superior Tribunal de Justiça (STJ) se prepara para reavaliar a condenação de Francisco Mairlon Barros Aguiar, um dos três executores envolvidos no infame triplo homicídio da 113 Sul, em Brasília. O caso, que chocou o país em 2009, obervou um novo desdobramento com a data marcada para o julgamento, previsto para o dia 14 de outubro, às 14h, pela Sexta Turma do STJ.
A defesa e o papel da ONG Innocence Project
A ONG Innocence Project, especializada em combater erros judiciais, tornou-se responsável pela defesa de Mairlon e solicitou a anulação de sua condenação e a consequente soltura. O acusado, que cumpre pena no Complexo Penitenciário da Papuda, foi sentenciado a 55 anos de reclusão, baseando sua condenação apenas na confissão prestada na delegacia, que não foi repetida durante o julgamento.
Entre os principais argumentos da defesa estão a ausência de provas concretas além da confissão de Mairlon e a alegação de cerceamento do direito de defesa, devido à falta de vídeos de depoimentos de outros envolvidos no caso, que poderiam ter apoiado sua inocência. Essa mesma tática foi utilizada anteriormente pela defesa de Adriana Villela, considerada a mandante do crime e que conseguiu reverter sua condenação no STJ.
Desdobramentos do caso
O envolvimento de Mairlon no crime é conturbado e agora cercado de novas alegações de tortura. Durante uma nova confissão em 2024, Paulo Santana, um dos condenados, admitiu que mentiu sobre a participação de Mairlon no crime, afirmando que ele havia sido forçado pela polícia a incriminá-lo. “Em nenhum momento eu entrei em contato com Francisco Mairlon. Ele é inocente… Ele está há 14 anos inocente,” declarou Paulo à ONG.
Além disso, o caso já resultou em condenações de outros envolvidos. Leonardo Campos Alves, ex-porteiro do prédio onde ocorreu o crime, recebeu uma pena de 60 anos em 2013, e Paulo Cardoso Santana, sobrinho de Alves, foi condenado a 62 anos em 2016, ambos tendo confessado a execução do crime e implicado Mairlon.
A tragédia da 113 Sul
O assassinato de José Guilherme Villela, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e de sua esposa, Maria Carvalho Mendes Villela, aconteceu em 28 de agosto de 2009, juntamente com a empregada doméstica da família, Francisca Nascimento da Silva. Os corpos foram encontrados em estado avançado de decomposição três dias depois. A brutalidade do crime, com 38 facadas em José e 12 em Maria, chocou a sociedade, gerando um clima de luto e revolta.
Adriana Villela, a filha dos assassinados, é acusada de ter planejado o crime, e sua condenação foi anulada pelo STJ, retornando ao status de réu. O desdobramento do caso revela não apenas a complexidade do crime em si, mas também as falhas no sistema judiciário, o que torna o julgamento iminente uma oportunidade crucial para questões de Justiça e verdade.
O impacto do caso na sociedade
O caso da 113 Sul é emblemático, refletindo sobre as falhas no sistema judiciário brasileiro e trazendo à tona temas como o uso de tortura para obtenção de confissões, a necessidade de um devido processo legal, e as repercussões que o erro judiciário pode ter na vida de pessoas inocentes. A reavaliação da condenação de Mairlon, portanto, não se trata apenas de um caso isolado, mas de uma oportunidade de introspecção sobre como o sistema de Justiça lida com crimes graves e suas consequências.
No momento em que o STJ se prepara para reanalisar o caso, a sociedade observa atentamente. As decisões que serão tomadas podem não apenas mudar o destino de Mairlon, mas também influenciar futuras abordagens sobre a justiça penal no Brasil.
Com a expectativa de um julgamento justo e transparente, o caso da 113 Sul segue a ser uma lembrança sombria, mas necessária, da luta por justiça em meio a erros e abusos.
Para mais detalhes sobre esse e outros casos, acompanhe as notícias no g1 DF.