Brasil, 23 de setembro de 2025
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Pesquisa aponta que aplicativos como Uber e iFood não oferecem trabalho decente

Estudo revela que plataformas digitais como Uber, 99 e iFood não garantem condições básicas de trabalho justo no Brasil

Uma nova edição da pesquisa Fairwork Brasil mostra que nenhuma das principais plataformas de transporte, entrega ou serviços digitais, incluindo Uber, 99 e iFood, oferece condições básicas do chamado trabalho decente, definido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). O estudo, realizado por universidades brasileiras em parceria com Oxford e Berlim, avalia aspectos como remuneração, condições de trabalho, contratos, gestão e representação.

Como funciona a avaliação das plataformas de trabalho digital

De acordo com a pesquisa, as plataformas são pontuadas em cinco critérios, cada um podendo receber até dois pontos, totalizando dez. Os requisitos básicos garantem o primeiro ponto, enquanto demandas mais avançadas concedem o segundo. Nenhuma das empresas analisadas conseguiu atingir os critérios essenciais em todos os aspectos. O estudo avaliou dez plataformas em 2023, sendo que apenas duas — InDrive e Superprof — receberam alguma pontuação, ambas por apresentarem evidências de pagamento de pelo menos o salário mínimo líquido aos trabalhadores.

Baixos ganhos e jornadas exaustivas predominam no setor

Relatos coletados na pesquisa revelam jornadas excessivas, baixa remuneração e dificuldades em cobrir custos essenciais. Trabalhadores descrevem atrasos no pagamento, retenção de valores e cobrança de taxas pouco transparentes, além de alterações nos valores das corridas após sua realização. No caso do iFood, há queixas de não recebimento de gorjetas e promoções não repassadas, enquanto motoristas de apps de transporte relatam que muitos aceitam valores menores por necessidade.

Remuneração e riscos enfrentados pelos trabalhadores

Para alcançar a pontuação na categoria remuneração justa, as plataformas precisam demonstrar que seus trabalhadores não recebem ganhos abaixo do salário mínimo, após descontos ou custos. Segundo dados do Dieese, o salário ideal em julho de 2023 seria de R$ 7.274,43. No entanto, a pesquisa apontou que só duas empresas, a russa InDrive e a francesa Superprof, atingiram essa condição parcialmente, embora a baixa demanda limite os ganhos na segunda.

Baixas remunerações e falta de direitos básicos

A pesquisa evidencia que muitas plataformas deixam seus trabalhadores à própria sorte, sem respaldo em casos de furto, roubo ou acidentes, e com benefícios insuficientes ou inexistentes. Julice Salvagni, coordenadora do projeto Fairwork, afirmou: “Os resultados são alarmantes. As remunerações estão cada vez mais baixas, e as empresas se desresponsabilizam, ampliando a vulnerabilidade dos trabalhadores”.

O aumento do endividamento e o crédito facilitado

O estudo também aponta o dilema do endividamento dos trabalhadores, com muitas empresas oferecendo serviços de crédito próprios, como o Banco Didio da Uber e o iFood Pago, que já movimentou mais de R$ 1,2 bilhão. Relatos indicam que muitos motoristas recorrem a empréstimos para cobrir custos com manutenção, multas e seguros, alimentando um ciclo de dívidas.

Implicações na saúde financeira dos trabalhadores

Ao facilitar o acesso ao crédito, as plataformas estimulam a contração de dívidas para manter a atividade, muitas vezes sem garantias de estabilidade financeira. Segundo a pesquisa, essa oferta de crédito dentro da própria plataforma aumenta o risco de endividamento e vulnerabilidade dos trabalhadores.

Jornada excessiva e precarização do trabalho

A pesquisa revela ainda que as jornadas de trabalho são muitas vezes excessivas, com relatos de atrasos nos pagamentos e redução de ganhos com alterações de valores nas corridas. Muitas plataformas possuem cobrança de taxas e condições pouco esclarecidas, dificultando a compreensão dos trabalhadores sobre seus direitos e remuneração real.

Perspectivas futuras na regulação do setor

O estudo reforça a necessidade de políticas públicas que garantam direitos trabalhistas às plataformas digitais, que atualmente operam em grande medida na informalidade. Especialistas defendem uma discussão mais aprofundada sobre a regulamentação do setor para assegurar condições dignas aos milhões de trabalhadores envolvidos.

Para saber mais detalhes, acesse a matéria completa no Globo.

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