Brasil, 23 de setembro de 2025
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Lula na ONU: divergências marcam discurso e reações em Brasília

O discurso de Lula na ONU gerou polêmica entre apoiadores e opositores, destacando críticas ao ex-presidente e a regulamentação das redes sociais.

O discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na abertura da Assembleia-Geral da ONU de 2025, nesta terça-feira, gerou a habitual batalha de narrativas entre os governistas e a oposição nas redes sociais. Enquanto aliados de Lula celebraram o tom do discurso, que incluiu críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a defesa da soberania nacional, opositores no Congresso questionaram a forma como o presidente brasileiro se referiu a facções criminosas.

A repercussão nas redes sociais

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) destacou, em seu perfil no X, um trecho da fala de Lula em que o petista citou a “preocupação” com a tentativa dos Estados Unidos de equiparar facções criminosas a grupos terroristas. Em uma publicação, Nikolas disse que trabalhará pela aprovação de um projeto na Câmara que busca essa equiparação. “O governo Lula recusou colocar PCC e CV como terroristas. E agora diz que isso é uma preocupação”, escreveu o parlamentar mineiro.

Mais incisivo, o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), que também faz oposição a Lula, acusou o presidente brasileiro de estar “defendendo bandidos” ao recusar a equiparação entre facções e terroristas. As críticas da oposição revelam a polarização política que persiste no Brasil, refletindo as divisões que se aprofundaram desde a última eleição presidencial.

Combate ao tráfico de drogas e a crítica às intervenções militares

No seu discurso na ONU, Lula argumentou que a “forma mais eficaz de combater o tráfico de drogas é a cooperação para reprimir a lavagem de dinheiro e limitar o comércio de armas”. A preocupação do governo brasileiro é que a equiparação entre facções e grupos terroristas sirva de pretexto para intervenções militares de países com poderio bélico, em especial os EUA, na América Latina. “Usar força letal em situações que não constituem conflitos armados equivale a executar pessoas sem julgamento. Outras partes do planeta já testemunharam intervenções que causaram danos maiores do que se pretendia evitar, com graves consequências humanitárias”, alertou Lula.

Reações de apoiadores e a defesa da soberania nacional

Parlamentares da base do governo e integrantes do PT, por sua vez, exaltaram os recados velados de Lula em contraposição ao presidente americano Donald Trump. A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), por exemplo, disse que Lula “defendeu perante o mundo a soberania nacional”. O ex-deputado e atual presidente da Embratur, Marcelo Freixo (PT), ressaltou que o presidente brasileiro “reafirma a nossa democracia e exalta a nossa independência como inegociável”.

“Isso sim é colocar o Brasil acima de tudo”, escreveu Freixo em uma rede social, fazendo alusão ao lema usado por Bolsonaro em campanhas eleitorais. A reação dos governistas reforça a estratégia do governo de se posicionar como uma força de resistência às posturas hegemônicas dos Estados Unidos.

Regulamentação das redes sociais e combate ao ódio

O discurso de Lula também abordou a regulamentação das redes sociais, uma medida com o objetivo de evitar a disseminação de discursos de ódio, crimes e “investidas contra a democracia”. A deputada federal Dandara Tonantzin (PT-MG) comentou a defesa de Lula, afirmando que “regulamentar as mídias não é censura” e que o presidente denunciou a hegemonia dos EUA na internet. “É hora de apostar no multilateralismo, sem medo, para garantir um espaço digital democrático”, destacou a parlamentar.

As declarações de Lula na ONU não apenas ecoaram em Brasília, mas também suscitaram debates sobre a posição do Brasil no cenário internacional e a interação com potências como os Estados Unidos. As reações à sua fala refletem a complexidade do atual quadro político brasileiro, onde a polarização e as narrativas de cada lado continuam em disputa constante.

Enquanto aliados se congratulam pelos pontos levantados por Lula, a oposição busca capitalizar em cima das controvérsias levantadas, criando um cenário onde cada declaração e ação do presidente são rapidamente transformadas em combustível para críticas ou defesas. O discurso de Lula, portanto, não só foi uma exposição de ideias, mas também um reflexo das divisão marcantes na sociedade brasileira contemporânea.

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