Na próxima terça-feira, 19 de setembro, durante os discursos da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva terá a oportunidade de encontrar seu colega americano, Donald Trump, pela primeira vez desde que este retornou ao cargo em janeiro deste ano. Este encontro ocorre em um contexto marcado por tensões nas relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, devido a sanções impostas por Washington.
Tensões e Sanções
A relação entre os dois países foi fortemente abalada nas últimas semanas, principalmente devido às sanções aplicadas pelo governo Trump a figuras relacionadas ao governo de Lula. As restrições incluem sanções à advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e a outros membros do Judiciário e do governo brasileiro. Esse contexto torna a expectativa em torno de um eventual cumprimento entre os presidentes ainda mais intrigante.
Tradição da Assembleia
Durante a Assembleia Geral da ONU, é tradição que o presidente do Brasil seja o primeiro a fazer seu discurso. Assim, Lula se dirigirá à Assembleia antes de Trump. Embora ambos utilizem o mesmo acesso reservado para chefes de Estado e autoridades da ONU, não há garantias de que se cumprimentarão nos bastidores. Em 2019, quando Bolsonaro era presidente, Trump e Bolsonaro se cruzaram no mesmo espaço reservado e tiveram um intercâmbio amigável. A expectativa é de que o clima desta vez seja bem diferente.
Encontros anteriores e contexto atual
As relações entre os presidentes evoluíram de forma complexa. Na cúpula do G7, realizada em Kananaskis, no Canadá, em junho passado, Lula e Trump estavam programados para se encontrar, mas o americano deixou o evento abruptamente antes da chegada do presidente brasileiro. Durante uma entrevista ao Jornal Nacional em julho, Lula comentou que havia esperado se encontrar com Trump, mas isso não ocorreu. Esta nova tentativa pode ser a primeira oportunidade efetiva para um diálogo, mesmo que breve.
Impacto das sanções
As sanções americanas estão centradas em ações que, segundo os EUA, são respostas a decisões judiciais feitas por autoridades brasileiras que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro. O governo Biden vinha mantendo um tom cauteloso em relação a Lula, evitando comentários diretos sobre ele nos diálogos formais, embora tenha sido mais contundente em se referir a Moraes e outros membros do Judiciário. O americano agora parece adotar uma abordagem mais discreta quanto a Lula, que, ao contrário de Bolsonaro, não foi convidado para a posse de Trump este ano.
Expectativas em torno do encontro
Se realmente houver um encontro fortuito entre Trump e Lula, a expectativa é de que não haja o mesmo tom amigável visto em ocasiões anteriores. A retórica mais agressiva do governo Trump, especialmente em relação ao Judiciário brasileiro, pode influenciar o tom dos líderes. O clima de desconfiança poderá impactar a dinâmica da conversa. Contudo, ambos os presidentes precisam encontrar maneiras de conviver até 2027, ano que poderá ser histórico nas relações Brasil-EUA dependendo dos resultados da próxima eleição brasileira.
Conclusão
O encontro entre Lula e Trump na Assembleia Geral da ONU será um momento crucial que pode influenciar as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. A interação entre estes dois líderes, mesmo que breve, pode abrir novos caminhos ou, por outro lado, consolidar as tensões já existentes. Com o cenário político tão ativo, tanto em Brasília quanto em Washington, a expectativa é de que o mundo assista a um acontecimento que poderá ter repercussões significativas não apenas entre esses países, mas em um contexto internacional mais amplo.