O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, na semana passada, manter a taxa básica de juros da economia em 15%, como divulgado nesta terça-feira (23) na ata da última reunião realizada nos dias 16 e 17 de setembro. A avaliação considera as incertezas externas e o crescimento interno moderado como fatores determinantes para a decisão.
Cenários interno e externo
Na ata, o Copom destaca que a conjuntura internacional, especialmente a conjuntura econômica dos Estados Unidos e as tarifas impostas pelo país, têm tido impacto maior sobre a inflação brasileira do que temas estruturais. A expectativa é de que o início do ciclo de cortes de juros pelo Federal Reserve e o ritmo de crescimento norte-americano sejam fatores-chave na condução da política econômica.
Por outro lado, o cenário interno segue apresentando sinais de moderação no crescimento econômico. Segundo o documento, as pesquisas setoriais e os dados de consumo indicam uma redução gradual na demanda, sem impactos relevantes das políticas fiscais ou de crédito adotadas até agora.
Meta da inflação e projeções
O Copom reforçou que as expectativas de inflação continuam acima da meta de 3%, com índices projetados em 4,8% para o fim de 2025 e em 3,6% para 2026. A recuperação da inflação para o centro da meta deve ocorrer apenas em 2027, com uma previsão de 3,4% no primeiro trimestre do ano.
Apesar das dificuldades, o principal objetivo do Banco Central é assegurar a convergência dos índices inflacionários à meta, controlando a demanda através da manutenção da Selic.
Perspectivas de política monetária
Com a decisão de interromper o ciclo de elevação de juros, o Copom optou por monitorar os efeitos do contexto atual antes de retomar qualquer ajuste. O documento afirma que a estratégia de manter a taxa em 15% por um período prolongado visa garantir a estabilidade de preços, porém, os passos futuros ainda poderão ser modificados, conforme evoluir o cenário econômico.
“O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária”, diz a ata. “O Comitê seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta.”
Impactos na economia e perspectiva futura
A decisão do Comitê reflete o esforço de equilibrar o combate à inflação com o crescimento moderado da economia brasileira. Com a Selic em 15%, o crédito permanece mais caro, o que tende a conter a demanda e evitar pressões inflacionárias excessivas.
Segundo analistas, a estratégia de manter a taxa por tempo prolongado será avaliada continuamente, com ajustes possíveis dependendo da evolução do cenário mundial e doméstico. Além disso, o Banco Central continuará atento às variáveis que possam alterar o ritmo de inflação e a atividade econômica.
Para o próximo ano, o Banco Central projeta que a inflação, medida pelo IPCA, feche 2025 em 4,8%, ainda acima do limite superior da meta. Para 2026, a expectativa é de redução para 3,6%, com cenário de queda mais acentuada no início de 2027.
Mais detalhes sobre a decisão e as perspectivas futuras podem ser acessados neste link.