O arcebispo Séamus Patrick Horgan, representante pontifício no Sudão do Sul, retornou a Juba após uma intensa viagem de 10 dias pelo Sudão, onde visitou cidades como Cartum e Omdurman. A visita teve como objetivo principal transmitir a proximidade do Papa e promover a colaboração entre comunidades cristãs e muçulmanas em um contexto de crise humanitária. Com a guerra entre o exército regular e as milícias RSF provocando uma das piores crises do mundo, o arcebispo ressaltou que “a esperança está na colaboração entre cristãos e muçulmanos”.
Um olhar sobre a crise no Sudão
O núncio destacou as condições alarmantes encontradas durante sua viagem, com milhares de civis deslocados e uma infraestrutura devastada. Segundo Horgan, a guerra, que começou em 2023, deixou um rastro de sofrimento, fome e violência, especialmente na região de Darfur. A visita a Porto Sudão, Atbara, Cartum e Omdurman permitiu que ele visse em primeira mão a realidade das comunidades católicas que enfrentam desafios diários.
“Em Cartum, por exemplo, a destruição é impressionante. Era uma cidade de 8 milhões de habitantes e agora está reduzida a um esqueleto, com edifícios e igrejas em ruínas”, afirmou Horgan. Ele mencionou que mesmo a Catedral em Cartum, construída por missionários combonianos, ainda está de pé, porém bastante danificada. Apesar de um cenário devastador, o arcebispo percebeu que as comunidades estão começando a retornar às suas casas, o que ele considera um sinal positivo de esperança.
A importância da colaboração entre religiões
Durante a visita, o arcebispo se reuniu com autoridades civis, incluindo o ministro das Relações Exteriores e o ministro dos Assuntos Religiosos, para discutir a situação do país e a importância de um diálogo inter-religioso. “Comunicamos a preocupação do Papa e a necessidade de um compromisso com a paz, enfatizando valores como a liberdade de culto e a diversidade religiosa”, contou Horgan.
Ele ressalta que a paz no Sudão e a liberdade religiosa são cruciais para a convivência harmoniosa entre comunidades cristãs e muçulmanas. “O futuro do Sudão deve ser construído em colaboração entre as diferentes religiões”, afirmou. O núncio expressou seu desejo de que o país encontre um caminho pacífico, que permita o retorno seguro dos deslocados internos e a reconstrução das comunidades devastadas pela guerra.
Desafios e esperanças para o Sudão do Sul
A crise humanitária no Sudão também afeta o Sudão do Sul, onde muitos refugiados buscaram abrigo. Horgan observou que a situação é extremamente frágil, com cerca de um milhão de pessoas fugindo para o Sudão do Sul desde o início do conflito. “Apesar da vulnerabilidade, uma parte da população está retornando, e isso é encorajador. Contudo, o panorama geral ainda é desolador, e muitos não conseguem ou não desejam voltar”, destacou.
A situação política no Sudão do Sul também preocupa, com tensões internas e um clima de incerteza em relação ao futuro. A possibilidade de um retorno à guerra representa um risco constante, o que torna essencial o apoio da comunidade internacional.
Reuniões emocionantes com as comunidades
A visita do núncio foi marcada por encontros emocionantes com diversas comunidades católicas. Horgan realizou celebrações religiosas que foram momentos de alegria, mesmo em meio a toda a adversidade. Ele enfatizou a importância de transmitir ao povo sudanês que não estão esquecidos pela Igreja e que as orações do Papa os acompanham.
“Foi extremamente comovente ver a resiliência da comunidade, que, apesar dos desafios, se reúne em oração. As celebrações estão cheias de vida, com cânticos e danças, e isso mostra a força da fé nas comunidades”, concluiu Horgan, reafirmando seu compromisso de continuar a apoiar o povo sudanês em sua luta por paz e dignidade.
No contexto atual, a mensagem do núncio se torna ainda mais relevante: a união entre cristãos e muçulmanos é fundamental para a construção de um futuro melhor no Sudão e Sudão do Sul, onde todos possam viver em harmonia e prosperidade.
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