Brasil, 22 de setembro de 2025
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O impacto do trabalho infantil na transição para energia limpa

Minerais essenciais para energia limpa, como lítio e cobalto, muitas vezes envolvem trabalho infantil em regiões vulneráveis, agravando dilemas sociais.

À medida que o mundo acelera a transição para fontes de energia renovável, a demanda por minerais como lítio, cobalto e níquel cresce rapidamente. No entanto, essa expansão tem sido associada ao trabalho infantil em países como República Democrática do Congo, Madagascar, Nigéria e Zâmbia, levantando questões éticas e sociais. Estudos estimam que mais de um milhão de crianças work em minas ao redor do globo, muitas em condições perigosas.

O papel do trabalho infantil na cadeia de energia limpa

Nos bastidores da transição energética, crianças trabalham na extração de minerais vitais, como o cobalto na RD Congo, responsável por mais da metade do fornecimento mundial. Estima-se que cerca de 40 mil crianças atuem na mineração de cobalto, enquanto outras milhares estão em minas de mica, lithium e cobre.

Demandas crescentes e impacto na comunidade

A alta demanda por esses minerais foi impulsionada pelo crescimento de 30% na procura de lítio em 2023, além do aumento de mais de 8% na busca por níquel, cobalto e outros elementos essenciais. As tensões geopolíticas, especialmente a tentativa de reduzir a dependência da China — responsável por aproximadamente 90% da oferta de certos minerais entre 2020 e 2024 — levaram países como EUA, União Europeia e Canadá a investir na África.

Por outro lado, a mão de obra infantil muitas vezes surge como uma consequência da ausência de regulamentações efetivas e de uma fiscalização rigorosa. Empresas que descobrem abusos frequentemente optam por cortar relações com fornecedores, o que pode deixar comunidades locais sem alternativas econômicas sustentáveis.

Vozes que promovem soluções ao lado das comunidades

Embora o setor seja dominado por líderes masculinos, estudos e ações apontam a importância de ouvir as mulheres da comunidade — que geralmente são as principais cuidadoras dos filhos. “Ouvir as mulheres é fundamental, pois elas compreendem as dinâmicas familiares e os desafios econômicos”, afirma Annie Sinaduku Mwange, ativista e proprietária de minas na República Democrática do Congo.

Especialistas argumentam que a regulação minuciosa e a implementação de práticas laborais justas podem ajudar a promover uma mineração responsável, garantindo que o crescimento do setor não aconteça às custas de direitos humanos.

Perspectivas e desafios futuros

Para avançar na agenda de uma transição energética ética, governos, empresas e sociedade civil precisam fortalecer o diálogo com as comunidades mineradoras. É necessário criar mecanismos que conciliem o desenvolvimento econômico com a proteção das crianças e a promoção de direitos humanos, evitando que a busca por uma energia limpa perpetue a exploração.

À medida que o mundo avança na transição para energias renováveis, o desafio será promover uma cadeia de suprimentos transparente e responsável, que valorize a dignidade das comunidades locais e elimine o trabalho infantil.

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