No último domingo (21), a primeira-dama Janja Lula da Silva esteve presente em um culto na renomada igreja batista The Abyssinian Baptist Church, localizada no coração do Harlem, Nova York. A visita aconteceu em um contexto de busca de aproximação da primeira-dama com a comunidade evangélica no Brasil, um segmento considerado mais resistente às políticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT).
Uma estratégia de aproximação com o público evangélico
A participação de Janja no culto coincide com uma agenda mais ampla que visa reconquistar a confiança de eleitores evangélicos. Este grupo tem se mostrado, nos últimos anos, mais alinhado à direita política e crítico à administração atual. Na tentativa de mudar essa percepção, Janja tem realizado atividades que buscam criar um laço mais estreito com os líderes religiosos, como a entrevista concedida ao podcast cristão Papo Crente, que também foi veiculada ontem.
Durante a cerimônia religiosa, Janja foi destacada pelo reverendo Kevin como “convidada especial”, recebendo calorosos aplausos dos fiéis presentes, incluindo membros de sua delegação. A primeira-dama expressou seu entusiasmo nas redes sociais, ressaltando a importância das palavras do reverendo sobre a necessidade de não se silenciar frente aos desafios atuais enfrentados no mundo.
A presença de Janja na Assembleia Geral da ONU
O culto em Nova York foi parte da agenda da primeira-dama, que chegou à cidade cinco dias antes do presidente Lula para participar da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Além de questões diplomáticas, Janja foi enviada especial para mulheres na COP30, um tema de crescente relevância às vésperas da conferência global sobre mudanças climáticas. Sua hospedagem na residência oficial do embaixador Sérgio Danese, representante permanente do Brasil na ONU, gerou críticas da oposição sobre os gastos envolvidos na tripulação.
Além de promover sua imagem, Janja também utilizou sua vivência em Nova York para compartilhar experiências e reflexões sobre seu papel no governo e as políticas públicas que afetam especialmente as mulheres negras e as mulheres das periferias. “Senti a necessidade de entender como as políticas do governo Lula têm chegado e afetado as mulheres”, afirmou, buscando um espaço de diálogo e escuta.
Desafios e percepções na imagem da primeira-dama
Apesar das recentes iniciativas, Janja enfrenta um cenário desafiador em termos de imagem pública. Uma pesquisa realizada pelo Datafolha mostrou que 36% dos brasileiros acreditam que as ações da primeira-dama têm mais atrapalhado que ajudado o governo, enquanto apenas 14% enxergam suas contribuições de forma positiva. O primeiro encontro no qual Janja buscou se aproximar de mulheres evangélicas ocorreu em julho, na Igreja Batista de São Cristovão, no Rio de Janeiro, e teve a presença da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
Os dados mais recentes também mostraram que a desaprovação ao governo Lula continua em alta, com 61% dos entrevistados desaprovando sua gestão, ao passo que apenas 35% expressam apoio. No entanto, a diferença entre os índices de desaprovação e aprovação é agora a menor registrada desde julho.
Com um discurso focado na esperada mudança social e no fortalecimento das mulheres, Janja busca não apenas consolidar sua imagem, mas também fazer valer a presença do governo em um segmento que historicamente foi distante de suas propostas progressistas. A interação com a igreja The Abyssinian Baptist Church e o envolvimento em discussões relevantes no âmbito da ONU marcam passos importantes na trajetória da primeira-dama e seu papel no governo Lula.
O futuro da relação entre o governo e a comunidade evangélica será observado de perto, especialmente nas próximas semanas, quando Janja e Lula continuarão sua estratégia para se reconectar com um eleitorado essencial para suas iniciativas políticas.
