Brasil, 22 de setembro de 2025
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Fed reduz juros nos EUA pela primeira vez em 2025 com apoio unânime

O Federal Reserve cortou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, sinalizando mudança na política monetária dos EUA em meio a debates internos

Na última quarta-feira (21), o Federal Reserve (Fed), banco central americano, realizou seu primeiro corte de juros em 2025, reduzindo a taxa de referência para um intervalo entre 4% e 4,25% ao ano. A decisão foi tomada por votação unânime dos diretores, exceto por Stephen Miran, que defendeu um corte maior na política monetária.

Repercussões e perspectivas do corte de juros pelo Fed

Os membros do Fed aprovaram a redução de 0,25 ponto percentual, refletindo um ajuste na política diante das expectativas de inflação controlada e menor necessidade de estímulo econômico. Miran, que continuará como chefe do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca, votou contra, sugerindo um corte maior, e já havia mencionado, durante audiência no Senado, a ideia de um “terceiro mandato” para o Fed, que incluiria o objetivo de manter juros baixos a longo prazo.

O posicionamento de Miran e a visão de reestruturação econômica

Além das decisões atuais, Miran defende que juros mais baixos fazem parte de um plano para reformar a economia mundial. Em ensaio publicado em novembro de 2024, intitulado “Guia para reestruturar o sistema de comércio global”, ele propôs medidas extremas como subir tarifas comerciais, desvalorizar o dólar e reduzir juros pagos pela dívida pública americana — estratégias que remetem aos acordos históricos de Mar-a-Lago e Bretton Woods.

Conflitos de estratégia e críticas ao plano de Miran

Especialistas alertam que o cenário atual dos EUA apresenta desafios diferentes dos anos 1980, período do acordo de Plaza, quando o mundo sofria com bolhas imobiliárias e estagnação econômica, especialmente no Japão. Segundo o ex-diretor do Banco Mundial, Carlos Primo Braga, a tentativa de desvalorizar o dólar de forma agressiva atualmente não teria o mesmo efeito, já que o mundo modificou sua relação com a moeda americana.

O professor destaca que, atualmente, o dólar é uma reserva de valor global, sustentada por decisões coordenadas e interesses de países como China e Rússia, que dificilmente aceitariam uma desvalorização unilateral dos EUA. “Dizer que a China vai aceitar desvalorizar o yuan em relação ao dólar é um sonho de quem quer fabricar uma crise”, afirma Braga.

Impactos econômicos e o papel do dólar na economia mundial

Miran argumenta que os EUA deveriam aceitar pagar um ônus pelo privilégio de ter o dólar como moeda de reserva internacional, o que incluiria uma desvalorização controlada do câmbio. Ainda assim, analistas apontam que, na prática, essa estratégia enfrentaria resistência global, além de custos internos, como aumento da inflação e elevação da dívida pública — que já apresenta níveis crescentes nos EUA.

O ex-vice-presidente do Banco Mundial, Otaviano Canuto, explica que a tentativa de trocar títulos da dívida por ativos de longo prazo com juros menores representaria um calote, dificultando o financiamento da dívida americana e elevando o custo do capital. “É uma estratégia que não combina com a realidade financeira mundial atual”, afirma.

Contexto internacional e os limites da política econômica de Trump

Canuto observa que a política de Miran de reforçar tarifas e forçar uma desvalorização do dólar faz parte de um projeto que busca reequilibrar o déficit comercial dos EUA, mas que esbarra em resistências internacionais. “O mundo já percebeu a tentativa de isolamento econômico dos EUA, e a resposta global tem sido de resiliência, com países redirecionando suas cadeias de produção”, destaca.

Ele também alerta para o custo de uma política de guerra comercial ou desvalorizações agressivas, que podem provocar instabilidade cambial e desorganizar o comércio global. Os Estados Unidos, hoje, têm espaço menor na importação global, respondendo por cerca de 12%, depois de já terem atingido 20%, refere a economista Sandra Rios, do Cindes.

Perspectivas e desafios futuros

Apesar do foco de Miran na desvalorização do dólar, especialistas reforçam que o cenário internacional mudou e que os EUA terão dificuldades em implementar uma estratégia semelhante à de décadas anteriores, sobretudo sem acordos globais que sustentem uma nova política de cambial ou tarifas. A atual conjuntura revela que o mundo está mais resistente a medidas unilaterais, fator que pode limitar a eficácia das propostas de revisão do sistema de comércio global defendidas por Miran e parceiros.

Para mais detalhes sobre o impacto dessas estratégias na economia mundial, consulte a matéria completa em O Globo.

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