Brasil, 22 de setembro de 2025
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As mulheres negras que compreenderam que direitos civis eram direitos humanos

Reconheça o papel vital das mulheres negras na luta pelos direitos civis e humanos nos Estados Unidos e mundialmente

As contribuições das mulheres negras para a história dos direitos humanos frequentemente são invisibilizadas nos livros didáticos. No entanto, essas mulheres desempenharam um papel fundamental na luta por direitos e proteções para todos, independentemente de raça, gênero, classe ou nacionalidade. Durante o século XX, um grupo de mulheres negras nos Estados Unidos esteve na liderança do movimento pelos direitos humanos, ligando suas reivindicações de cidadania às lutas globais por dignidade e liberdade.

Aretha B. McKinley e a luta por direitos universais

Um exemplo marcante dessa trajetória é a história de Aretha B. McKinley, ainda pouco conhecida na narrativa histórica americana. Como ativista e lobbyista, ela deixou uma marca significativa na capital do país ao defender direitos de negros e outros grupos marginalizados. Sua vida revela como, na visão de muitas mulheres negras, a luta por direitos civis e os direitos humanos eram intrinsecamente conectados.

Natural de Virginia, McKinley desenvolveu seu engajamento social e político na cidade de Nova York, especialmente no Harlem, desde os anos 1930. Ela se envolveu com a sororidade Alpha Kappa Alpha (AKA) e, posteriormente, fundou a Comitê de Proteção ao Consumidor, criado em 1947 para combater os preços abusivos nas lojas do bairro. Dois anos depois, foi eleita secretária de estudos do NAACP em Nova York, chegando a liderar a Mobilização Nacional de Emergência pelos Direitos Civis, que promovia a formação de cidadãos conscientes sobre legislações essenciais.

Defensora dos direitos humanos e da resistência negra

Na sua atuação, McKinley mobilizou mulheres negras por todo país contra práticas segregacionistas, exploração laboral injusta e moradias precárias. Em 1959, ela assumiu como primeira mulher diretora nacional do Conselho Americano de Direitos Humanos (ACHR), onde defendia a proteção de todos os direitos de todas as pessoas. Sob sua liderança, o ACHR promoveu oficinas comunitárias abordando temas como liderança, voto, saúde, habitação e emprego.

Um destaque foi uma oficina na Universidade Howard, que capacitou estudantes universitários interessada em ativismo civil e assuntos globais. Para McKinley, reivindicar direitos com base na Constituição internacionalizava a questão racial americana e chamava atenção para a opressão de negros em várias partes do mundo, reforçando a urgência de uma luta global pela dignidade humana.

Resistência às injustiças do sul e mobilização internacional

Durante um período marcado por violência, discriminação e supressão do voto contra os negros do Sul dos Estados Unidos, McKinley clamava por resistência constante. Em uma coletiva de 1960, afirmou: “Se nada for feito agora, milhões de eleitores inteligentes serão privados do direito de votar em novembro”. Ela defendia que a questão não era partidária, mas uma luta pela democracia e pelos direitos universais.

Nos anos seguintes, sua atuação ganhou projeção internacional. Participou da quarta edição do workshop do ACHR, em que 500 ativistas, estudantes e políticos de todo o país se encontraram. Entre os presentes, o então candidato à presidência, John F. Kennedy. O grupo reafirmou seu compromisso com a defesa dos direitos humanos previstos na Declaração Universal da Organização das Nações Unidas, apoiando o fim do colonialismo e a expansão de direitos para grupos marginalizados no mundo.

Legado e defesa do direito internacional

Sob sua liderança, o ACHR apoiou abertamente o movimento contra o apartheid na África do Sul e destacou a importância da implementação prática dos princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos na política dos Estados Unidos. McKinley acreditava que a luta pelos direitos civis nos EUA tinha uma dimensão global e que a promoção da dignidade humana deveria ser prioridade internacional, inteiramente alinhada às campanhas anti-coloniais e de libertação de povos oprimidos.

A trajetória de McKinley exemplifica como as mulheres negras compreenderam, no século XX, que os direitos civis são a expressão mais concreta do humanismo universal. Sua história reforça a importância de reconhecer a luta dessas lideranças na construção de um mundo mais justo e igualitário, mostrando que o combate por direitos humanos é uma luta que atravessa fronteiras e tempos.

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