A esperança sempre foi um tema central na vida cristã, especialmente em tempos de incerteza e desafios. Como destacou o Pe. Gerson Schmidt em sua reflexão durante o Ano Jubilar: “Peregrinar na esperança é descobrir em cada momento do viver, uma perspectiva de eternidade”. Em um mundo muitas vezes marcado pelo desânimo, a missão dos cristãos hoje vai além de defender um conceito; é fazer da esperança uma realidade vivida e compartilhada.
A importância de testemunhar a esperança
Diante das incertezas do cotidiano, a esperança se torna um farol que ilumina o caminho. Não se trata apenas de uma crença filosófica ou teológica, mas de um chamado para que cada pessoa se torne um portador dessa luz em meio à escuridão. O testemunho da esperança é essencial para aqueles que se sentem perdidos ou desencorajados. A frase de Zenão de Verona resume bem essa ideia: “Tire a Esperança, e toda a humanidade se entorpece.” Somente através do testemunho é que a esperança pode ser realmente compreendida e sentida.
O simbolismo da Vigília Pascal
Um gesto significativo durante a Vigília Pascal é o acendimento do Círio Pascal a partir do fogo novo. Este simbolismo representa a ressurreição de Cristo e a esperança renovada que Ele traz aos fiéis. Ao acender sua vela com a chama do Círio, cada cristão se torna um transmissor dessa esperança. A esperança, portanto, é contagiosa, e sua propagação ocorre de maneira muito mais eficaz por meio da vivência e do exemplo do que simplesmente por palavras. Essa tradição é um testemunho de que a verdadeira esperança se propaga por ato de fé e amor.
Nutriendo a esperança através da alegria
Um aspecto vital para cultivar a esperança é manter a alegria e a paz interior. São Paulo, na Carta aos Romanos, nos lembra que é o “Deus da esperança” que nos enche de “toda a alegria na fé”. A alegria é a expressão visível de nossa esperança e precisa ser compartilhada com os que nos rodeiam. Assim como o perfume de uma flor se espalha, a fragrância da esperança deve ocupar cada canto de nossas vidas.
Além disso, a ressurreição de Cristo oferece um “renascimento da Esperança” essencial para a evangelização do mundo contemporâneo. O cristão é chamado a viver essa esperança visivelmente e, a partir dessa vivência, atrair outros para a fé e para a alegria que ela proporciona. Com isso, encontramos um ânimo renovado, capaz de enfrentar os desafios e a falta de propósito que permeiam a sociedade.
Urgência da mensagem de esperança no presente
A sociedade atual enfrenta uma crise de esperança, muitas vezes alimentada por ideologias que diminuem o valor da vida eterna e da expectativa cristã. A esperança é vista por muitos como ilusória, mas essa percepção torna-se uma prisão que impede o crescimento espiritual. A mensagem de esperança que vem de Cristo é mais do que um alicerce teórico; é um convite para viver de maneira plena e autêntica, repleta de significado e propósito.
O chamado para os cristãos agora é claro: não apenas defender a esperança, mas proclamá-la corajosamente. Governantes e líderes muitas vezes falham em oferecer essa esperança, deixando muitos desmotivados e sem rumo. É nosso dever, portanto, levantar essa bandeira, gritar que “Jesus Ressuscitou!”, e que a esperança não decepciona.
Vivemos tempos onde o pessimismo parece prevalecer, mas também onde o desejo por mudança é forte. As pessoas anseiam por um renascimento, por uma mensagem que ofereça mais do que sobrevivência: que ofereça vida. Assim, o cristão se torna chamado a ser um agente de transformação, doando-se não só por palavras, mas através de ações que refletem essa esperança. O mundo precisa dessa luz. Proclamar a esperança é a nossa missão mais urgente.
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
Hoje, mais do que nunca, somos desafiados a sermos portadores da verdadeira esperança. Que possamos, como cristãos, ser sinais de esperança e testemunhos vivos desse amor que nos move.