Brasil, 21 de setembro de 2025
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Milhares protestam em Brasília contra anistia aos golpistas

Manifestantes se reúnem contra propostas de anistia e blindagem de parlamentares em ato na Esplanada dos Ministérios.

Milhares de pessoas marcharam neste domingo (21), na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para protestar contra os projetos da anistia aos golpistas e da blindagem de parlamentares. A passeata ocupou as seis faixas do Eixo Monumental, demonstrando a importância da mobilização cidadã em defesa da democracia.

Um protesto significativo

Sob um sol forte, a multidão seguiu em marcha atrás de um pequeno trio elétrico, logo após uma série de rimas e discursos de lideranças políticas do Distrito Federal (DF). O trajeto de cerca de 1,5 quilômetro culminou na frente do Congresso Nacional, onde o cantor e compositor Chico César encerrou o ato com alguns de seus sucessos. O ato ocorreu das 9h às 14h, reunindo manifestantes de diferentes origens e motivações.

Com o mote “Congresso Inimigo do Povo”, os manifestantes gritavam frases de ordem como “sem anistia” e “queremos Bolsonaro na cadeia”, em referência à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apelidada de “PEC da Bandidagem”, que visa a blindagem de parlamentares. Segundo essa proposta, a abertura de processos judiciais e investigações contra parlamentares precisaria ser aprovada pela maioria das próprias casas legislativas, o que gera grande preocupação entre os cidadãos.

Indignação nas vozes da população

A bancária Keyla Soares, de 42 anos, expressou sua indignação à Agência Brasil em relação à proposta que exige autorização prévia do Parlamento para processar criminalmente deputados e senadores. “É uma sem vergonhice. É ofensiva essa PEC. Eles só trabalham em defesa deles mesmos. O Brasil tem que se unir contra isso. Estamos lutando também pela democracia”, disse Keyla.

O presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), foi um dos principais alvos dos manifestantes, que expressaram sua insatisfação através de cartazes como “Motta Capacho” e “Centrão ladrão”. Como presidente da Casa, Motta tem a responsabilidade de definir a pauta de votações, incluindo a PEC e a anistia em sua programação.

A estudante Sara Santos, de 26 anos, também criticou a PEC, classificando-a como um absurdo e expressando sua incredulidade em relação à sua aprovação. “Depois de tudo que a gente viveu com a ditadura militar, não podemos aceitar anistia contra quem atacou a democracia e tentou dar um golpe de Estado”, justificou.

Reflexões sobre o passado e o futuro

A delegada aposentada Maria Lúcia de Souza, de 62 anos, comentou sobre a intenção do ex-presidente Jair Bolsonaro de se perpetuar no poder desde o início de seu governo. “Estão subestimando nossa inteligência. Acha que somos burros. Na semana que saem notícias de suposto envolvimento do Rueda [presidente do União Brasil] com o PCC, eles aprovam essa PEC da Bandidagem. Estou revoltada”, afirmou.

Maria Lúcia se refere a reportagens que relatam uma suposta conexão entre o presidente nacional do partido União Brasil, Antonio Rueda, e a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Rueda e o partido negam as acusações, mas o clima de desconfiança e revolta continua entre os manifestantes.

O servidor público Albert Scott, de 47 anos, se juntou ao coro contra a anistia, dizendo que não deve haver perdão para aqueles que planejaram e financiaram a tentativa de golpe de Estado. “É inaceitável. É um retrocesso essa PEC. Eles só votam por eles mesmos para se proteger da Justiça. Isso é absurdo”, afirmou.

Protestos em todo o Brasil

As manifestações não se limitaram apenas a Brasília. Atos contra a anistia dos condenados por tentativa de golpe de Estado e contra a PEC da Blindagem ocorreram em todo o país neste domingo, com protestos em ao menos 33 cidades, incluindo todas as capitais brasileiras.

Convocadas pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, ligadas ao PSOL e PT, as manifestações contaram com a presença de sindicatos, grupos estudantis, artistas e movimentos sociais, como MST e MTST, além de outros partidos de esquerda e centro-esquerda. Essa mobilização demonstra o crescente descontentamento da população com questões políticas que, segundo muitos, ameaçam a democracia e os direitos individuais no Brasil.

Com um forte apelo por união e resistência, os manifestantes deixaram claro que a luta em defesa da democracia e da justiça continuará, e que eles estão dispostos a enfrentar quaisquer tentativas de retrocesso em seus direitos.

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