No último sábado, a Avenida Paulista foi palco de uma grande mobilização, reunindo cerca de 40 mil pessoas que protestaram contra a proposta de emenda à Constituição conhecida como PEC da Blindagem. Com a participação de sindicatos, partidos como PT, PSOL e PCdoB, além de movimentos sociais, a manifestação se intensificou a partir das 13h, apresentando um cenário vibrante de bandeiras, faixas e materiais de apoio à luta contra a anistia a crimes hediondos.
A mobilização e os números da manifestação
O evento contabilizou uma margem de erro de 4.800 pessoas, o que reforça a relevância da mobilização. Visualmente, a manifestação ocupou ao menos três quarteirões da famosa avenida, e entre os políticos presentes, destacaram-se figuras do PSOL, como Luiza Erundina e Guilherme Boulos, que mostraram forte apoio às pautas levantadas pelo povo.
De acordo com dados do Monitor da USP, o número de participantes no ato contrasta com outros eventos políticos recentes na capital paulistana. Na última manifestação bolsonarista, ocorrida em 7 de setembro, foram registrados 42.200 manifestantes, o que demonstra a capacidade de mobilização de ambos os lados. Entretanto, a presença de 40 mil pessoas no ato atual evidencia a força do movimento progressista, especialmente em torno de questões que envolvem direitos humanos e o combate à corrupção.
Reações dos políticos e o discurso de Boulos
O deputado federal Guilherme Boulos, em seu discurso, enfatizou que as mobilizações em todo o Brasil representam a “retomada do protagonismo da esquerda nas ruas”. Ele também endereçou uma mensagem direta ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), pedindo que não ceda às pressões do PL e que pautasse a cassação do deputado Eduardo Bolsonaro, que Boulos chamou de “traidor da pátria”.
— Essa mobilização tem um recado claro: queremos que a cassação de Eduardo Bolsonaro seja debatida imediatamente. As pessoas estão fartos dessa política de perdão para quem cometeu crimes contra a democracia — afirmou Boulos, destacando a importância de manter o foco e a pressão sobre o Legislativo em relação à PEC da Blindagem.
A PEC da Blindagem e suas implicações
A proposta de emenda é controversa e foi alvo de críticas intensas durante a manifestação. Boulos alertou que a aliança entre os “corruptos” do Centrão e os bolsonaristas resultou em um projeto que visa proteger políticos envolvidos em escândalos. Segundo Boulos, a mobilização de rua serve não só para protestar, mas também para desincentivar os deputados a avançarem com a PEC.
— Não aceitamos anistia. Isso não é um jogo em que se pode negociar. Nenhum tipo de anistia deve ser aceito, e esta mobilização é um passo importante em direção à justiça. Não queremos que Bolsonaro e seus aliados escapem da punição — continuou o parlamentar, enfatizando a necessidade de responsabilidade e moralidade na política.
A mobilização em São Paulo não foi um evento isolado; diversas cidades do Brasil também se uniram em atos semelhantes, mostrando um descontentamento generalizado contra a possibilidade de amnistia a crimes políticos. Essa criação de uma rede de apoio reforça a conexão entre diferentes movimentos sociais em todo o país, unidos por uma causa comum.
O futuro da mobilização política no Brasil
A mobilização na Avenida Paulista não apenas destacou a cada vez maior insatisfação popular com políticas que favorecem impunidade, mas também sinalizou uma nova fase de engajamento cívico e político da esquerda. As diversas vozes se uniram em um chamado claro: é hora de reconquistar as ruas e os direitos que acreditam ser fundamentais para a democracia.
Assim, o ato de sábado não foi apenas uma manifestação de protesto, mas sim uma afirmação de valores democráticos e direitos humanos, colocando a esquerda de volta na linha de frente do debate político no Brasil.
Esse tipo de mobilização pode ser crucial para moldar o futuro político do país, à medida que mais brasileiros se sensibilizam com questões de justiça social e política. O que se observa agora é que as ruas estão, mais uma vez, se transformando em um espaço vital para o diálogo e a ação política.
Com esses elementos, a mobilização de 40 mil pessoas contra a PEC da Blindagem se torna não só um evento marcante, mas um reflexo das aspirações e preocupações da sociedade brasileira contemporânea.