Brasil, 21 de setembro de 2025
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Lula embarca para a ONU em meio a tensões com os EUA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva viaja para a Assembleia Geral da ONU, enfrentando o pior momento nas relações com os Estados Unidos.

Em um contexto delicado, onde a relação entre Brasil e Estados Unidos enfrenta seu pior momento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca neste domingo para sua terceira participação na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) durante seu atual mandato. A assembleia é considerada uma prioridade na agenda internacional de Lula, que compareceu a todas as edições desde que assumiu a presidência, exceto na de 2010, onde delegou sua participação a Celso Amorim, então chanceler, devido às eleições de Dilma Rousseff.

O papel do Brasil na COP30 e na Cúpula do Clima

A reunião da ONU acontece em um momento crucial, pois será um espaço vital para avançar nas negociações da COP30, que pela primeira vez será realizada no Brasil, na capital Belém, em novembro. A expectativa é de que a Cúpula do Clima se torne um marco, onde os países apresentarão suas propostas para reduzir emissões de gases de efeito estufa, as chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), e estratégias de adaptação às mudanças climáticas.

Tradicionalmente, o Brasil tem um papel de destaque na Assembleia Geral, sendo o representante brasileiro responsável pelo discurso de abertura. Lula já cumpriu essa função em 2023 e 2024, destacando a importância do país nas questões climáticas e sustentáveis em um ambiente global.

Tensões nas relações Brasil-EUA

Essa viagem ocorre em um cenário de tensões exacerbadíssimas nas relações entre os dois países. O governo do ex-presidente Donald Trump impôs tarifas que chegam a 50% sobre produtos brasileiros como represália ao inquérito que resultou na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe. A situação se agravou ainda mais com as sanções econômicas e a cassação de vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) pela administração americana.

Um dos principais pontos de contenção é a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, que bloqueia suas contas e transações financeiras com instituições sujeitas à legislação dos Estados Unidos.

Lula se posiciona sobre as acusações

Recentemente, Lula publicou um artigo no New York Times, onde se dirigiu a Trump afirmando que o Brasil continua “aberto a negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos”, mas deixou claro que “a democracia e a soberania do Brasil não estão em pauta”. Esta mensagem tem como objetivo reassegurar a posição do Brasil em relação às sanções e aos comentários críticos do governo americano sobre a condenação de Bolsonaro.

No mesmo artigo, Lula refutou as alegações do governo dos EUA de que a condenação de Bolsonaro consistiria em uma “caça às bruxas”, defendendo a legitimidade do trabalho do STF. Ao fazer isso, ele enfatiza seu orgulho pela “decisão histórica” da Suprema Corte, que, segundo ele, “salvaguarda nossas instituições e o Estado Democrático de Direito”.

Reações ao julgamento de Bolsonaro

Vale lembrar que Bolsonaro e outros sete réus, considerados como parte do núcleo crucial da tentativa de golpe, foram condenados recentemente pela Primeira Turma do STF. Após a sentença, o governo dos Estados Unidos prometeu uma “resposta adequada” ao que considerou uma “caça às bruxas” contra a oposição. Esse clima de tensão não apenas afeta a diplomacia, mas também levanta preocupações sobre as relações comerciais e políticas futuras entre as duas nações.

Com essa viagem à ONU, Lula busca reafirmar a posição do Brasil em um fórum internacional importante, ao mesmo tempo que tenta navegar por um ambiente diplomático complexo e potencialmente hostil. O desfecho dessa Assembleia poderá ter implicações significativas nas relações Brasil-EUA nos próximos meses.

Enquanto Lula enfrenta desafios internos e externos, sua participação na ONU poderá ser um momento decisivo para a política exterior brasileira e para o futuro das relações bilaterais. O discurso do presidente e as negociações designadas a acontecer logo após a assembleia podem representar um caminho potencial para a reconstrução das relações entre Brasil e Estados Unidos.

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