Recentemente, um alto oficial militar russo revelou que Moscovo está se preparando para um ataque de “zona cinza” na Polônia antes do Natal. Este movimento inusitado lançou um alerta e iniciou discussões urgentes entre o Reino Unido e os EUA sobre o risco de um ataque negável, que tem como objetivo abalar a OTAN.
A tensão crescente entre Rússia e OTAN
A divulgação das informações aconteceu durante a feira de armas DSEI em Londres, onde representantes britânicos e americanos expressaram preocupação com a nova tática da Rússia, que envolve ataques deliberados em suas fronteiras para testar a resistência da aliança militar. Um dos incidentes mais recentes foi quando três caças MiG-31, capazes de portar mísseis hipersônicos, penetraram no espaço aéreo da Estônia, sendo interceptados após 12 minutos de sobrevoo sobre o Golfo da Finlândia.
A primeira-ministra estoniana, Kristen Michal, descreveu o episódio como “incrivelmente audacioso”, enquanto o ex-presidente Donald Trump alertou que isso poderia causar “grandes problemas”. A Secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, Yvette Cooper, declarou: “O Reino Unido está ao lado de nossos aliados estonianos, diante de mais uma incursão irresponsável da Rússia no espaço aéreo da OTAN”.
Polônia sob ameaça direta
Embora a região norte da OTAN tenha sido repetidamente testada pela Rússia, a advertência de um general desertor indica que a Polônia pode enfrentar um tipo de agressão maior e mais direta. De acordo com fontes de inteligência, um oficial russo de um estrela, presumedido ser um Major General, revelou que o Kremlin está planejando um ataque não nuclear em território polonês. Este ataque, embora limitado, tem por finalidade testar a resposta da OTAN e provocar instabilidade política na Europa.
Este alerta foi compartilhado com os EUA e está sendo avaliado por altos oficiais transatlânticos. Um assessor do Reino Unido enfatizou que qualquer resposta da OTAN provavelmente permaneceria convencional e se alinharía com os modelos de dissuasão da Guerra Fria, como os exercícios Wintex do Ministério da Defesa (MoD).
Incursões aéreas e resposta da OTAN
Na semana passada, a Rússia enviou 19 drones para o espaço aéreo polonês, uma violação considerada pelos oficiais britânicos como a mais séria das incursões até agora. A Romênia também foi alvo, com uma das aeronaves cruzando por 10 km em seu território. Em resposta a essas ameaças, o Reino Unido anunciou que os jatos Typhoon da Força Aérea Real irão iniciar missões de defesa aérea sobre a Polônia como parte da operação Eastern Sentry da OTAN.
Operando a partir da RAF Coningsby e apoiados por tanques Voyager da Brize Norton, esses jatos se juntarão a forças da França, Alemanha, Dinamarca e Suécia que estão patrulhando a frente oriental. Um porta-voz do governo britânico alertou: “Isso reflete uma nova era de ameaça que exige uma nova era de defesa”.
Preocupações com a desinformação russa
Conforme a OTAN se adapta a estas novas tensões, novas campanhas de desinformação estão sendo lançadas pela Rússia, especialmente direcionadas a países como a Finlândia, que recentemente se tornou membro da aliança. O Instituto para o Estudo da Guerra advertiu que o Kremlin lançou uma campanha “coordenada” que ecoa a retórica utilizada antes da invasão da Ucrânia em 2022.
Os funcionários ocidentais temem que a campanha de desinformação tenha como objetivo preparar o terreno para mais provocações ao longo do Golfo da Finlândia. Apesar do suporte adicional que a Polônia recebeu da OTAN, analistas alertam que a aliança permanece vulnerável. “Você está usando caças de milhões de libras para derrubar drones que custam alguns milhares”, destacou Mykola Kuzmin, do Henry Jackson Society.
O impacto e as implicações estratégicas
Além de ser uma simples provocação, as incursões russas são vistas como uma tática clássica de “zona cinza” – ações que não chegam a constituir guerra, mas que buscam provocar confusão, hesitação e medo entre os aliados da OTAN. A mensagem é clara: se a Rússia conseguir atacar a Polônia e a OTAN hesitar na resposta, isso minaria toda a aliança.
De acordo com Kuzmin, o interesse da Rússia no corredor Suwałki, que liga a Polônia aos Estados Bálticos, é central na estratégia atual. “Esse corredor é uma base avançada cheia de sistemas de escuta e jamming, além de uma alavanca estratégica. Uma provocação ali envia uma mensagem a todos os capitais da Europa”, conclui.
À medida que se aproxima o inverno, os planejamentos da OTAN tornaram-se ainda mais urgentes, sem indícios de um ataque em grande escala, mas com uma crescente preocupação sobre ataques calibrados que podem ocorrer a qualquer momento.