Na segunda-feira (22), a deputada republicana Marjorie Taylor Greene publicou uma postagem perigosa no X, antiga Twitter, defendendo uma “divisão nacional” dos Estados Unidos após a morte de Charlie Kirk, figura influente do movimento conservador. A proposta gerou pânico e alertas entre especialistas, que alertam para o risco de violência e a inviabilidade de uma separação pacífica.
Greene sugere “divisão nacional” após morte de Charlie Kirk
Greene, representante do distrito 14 da Geórgia, afirmou que a morte de Kirk — vítima de um tiroteio cuja busca pelo suspeito ainda está em andamento — incentivou sua proposta de uma separação entre o Norte e o Sul do país. “Precisamos de uma divisa pacífica, porque nosso país está muito longe de estar unido, e o clima de ódio só aumenta”, declarou. Ela afirmou que, se os Estados continuarem a ser “arrasados por extremistas de esquerda”, a separação pode ser uma saída “segura”.
Reação de especialistas e histórico violento
Segundo o professor Ryan Griffiths, da Universidade de Syracuse, a ideia de uma “divisão pacífica” é impraticável e perigosamente ingênua. “Histórico mostra que tentativas de dividir o país frequentemente resultaram em violência, como na Guerra Civil Americana. Os Estados Unidos são profundamente entrelaçados em termos políticos, geográficos e ideológicos, e uma separação limpa não é realista”, alertou Griffiths.
Para o professor Alvin B. Tillery Jr., da Northwestern University, o discurso de Greene faz eco a um nacionalismo de secessão, que remete à época da Guerra Civil, e agrava a atmosfera de antagonismo. “Essa linguagem de secessão é uma extensão de temas radicais presentes na política do Partido Republicano na zona rural do Sul, onde ela é baseada”, afirmou. “Tem também um impacto direto na segurança dos cidadãos, como vemos com as ameaças de morte recebidas por acadêmicos e ativistas negros.”
Risco de violência e polarização crescente
Especialistas destacam que, apesar da crescente polarização no país, a separação entre “vermelhos” e “azuis” não é uma solução viável nem pacífica. “Temos uma história marcada por conflitos violentos ao tentar secessões,” complementa Griffiths. “Qualquer tentativa de dividir o país, baseado em diferenças irreconciliáveis, tende a desencadear ciclos de violência, deslocamento e caos.”
Além disso, observam que a retórica de Greene incentiva uma narrativa de divisão que pode aumentar a hostilidade e a intolerância. “Seu discurso alimenta uma visão de ‘nós contra eles’, acentuando ameaças à democracia e à paz social”, disse Tillery.
Perspectivas futuras e apelo por diálogo
Embora Greene defenda a ideia de uma separação pacífica, líderes políticos e acadêmicos clamam por diálogo e união. “Precisamos de dirigentes que rejeitem extremismos e trabalhem pela reconciliação”, afirmou Tillery. “A história demonstra que a divisão não é a saída, mas superar as diferenças exige esforço coletivo.”
Políticos e intelectuais reforçam que a prioridade deve ser fortalecer o entendimento mútuo e promover a inclusão, não a fragmentação que pode levar à violência. Como bem destacou Griffiths, “a melhor alternativa é encontrar pontos de convergência, antes que o cenário se torne irremediavelmente perigoso”.