No último sábado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, teve a oportunidade de se encontrar com o Papa Leão XIV, em um evento significativo chamado Jubileu da Justiça, realizado na Praça de São Pedro, no Vaticano. Este encontro reuniu juízes, advogados, procuradores e outras autoridades do Direito de diversas partes do mundo, e ocorre em um momento crucial, pois Fachin se prepara para assumir a presidência da Corte brasileira.
Um encontro importante no Vaticano
A reunião entre Fachin e o pontífice não é apenas simbólica, mas ocorre em um contexto de transição para o novo mandato do ministro, que foi eleito para a presidência do STF em agosto. A tradição deste cargo é que o ministro mais antigo que ainda não tenha presidido a Corte assuma a função. Fachin substituirá Luís Roberto Barroso no próximo dia 29 de setembro, e seu mandato vai até 2027, o que significa que ele irá presidir a Corte durante as próximas eleições presidenciais.
O Jubileu da Justiça, que contou com a presença de líderes de diversas esferas da Justiça, tanto laica quanto canônica e eclesiástica, teve uma programação rica, incluindo uma audiência privada com o Papa e uma peregrinação à Porta Santa da Basílica Papal de São Pedro. Essa troca de experiências entre o mundo jurídico e a liderança espiritual do Papa é vista como uma forma de reforçar os princípios da Justiça e da dignidade humana.
Discurso do Papa e reflexões sobre a Justiça
Em seu discurso, o Papa Leão XIV destacou que a verdadeira Justiça não pode ser reduzida à mera aplicação das leis ou ao desempenho de juízes, enfatizando a necessidade de que a Justiça se se concentre no próximo. Ele afirmou que a equidade deve se materializar na oferta de dignidade e oportunidades iguais a todos os cidadãos. O Papa ainda mencionou o filósofo Santo Agostinho, reforçando que “sem justiça não se pode administrar o Estado; é impossível que haja direito em um Estado onde não há verdadeira justiça”.
Essas palavras ecoam em tempos em que o Judiciário enfrenta desafios significativos, com Fachin sendo uma figura central nas discussões sobre a integridade da Justiça no Brasil. Após o discurso, o ministro Fachin se dirigiu para cumprimentar o Papa, marcando um momento histórico em sua carreira e na história do Judiciário brasileiro.
A postura de Fachin e expectativa para seu mandato
Embora seja conhecido por seu perfil técnico e pela aversão a declarações públicas exageradas, a expectativa é que Fachin mantenha uma postura firme em defesa da instituição durante seu tempo na presidência do STF, especialmente considerando os desafios políticos que o país enfrentará. Com as eleições de 2026 se aproximando, sua liderança será constantemente testada frente a pressões externas e críticas ao Judiciário.
Fachin, que foi indicado ao STF em 2015 pela ex-presidente Dilma Rousseff, tem um histórico de atuação notável, presidindo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2022 e liderando esforços para combater a desinformação e as tentativas de interferência nas eleições. Além disso, ao assumir a presidência, ele deixará a relatoria da Lava-Jato, uma função que será destinada a Luís Roberto Barroso, um dos ministros mais conhecidos e respeitados no âmbito jurídico.
Fachin e sua conexão com a fé
Em um aspecto mais pessoal, Fachin é católico e costuma frequentar a igreja todos os domingos, seja em Curitiba ou Brasília, as duas cidades que considera sua casa. O custo da viagem ao Vaticano foi bancado pelo próprio ministro e organizada pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), enfatizando sua ligação com a Igreja e a moralidade no serviço público.
Com sua posse se aproximando, Fachin se posiciona não apenas como um jurista respeitado, mas também como uma figura que representa valores éticos e de justiça em um Brasil polarizado. O momento de sua visita ao Vaticano, portanto, não poderia ser mais adequado, simbolizando a busca por um Judiciário que seja justo e equilibrado, capaz de enfrentar os desafios do presente e do futuro.