Após o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk na semana passada, o governador de Utah, Spencer Cox, compareceu à conversa popularizando a comparação com a tragédia de JFK em 1963. Apesar das diferenças, ambos acontecimentos revelaram um dilema central na cobertura midiática: o que fazer com imagens brutais de violência?
Diferenças na circulação de vídeos entre 1960 e hoje
Na década de 1960, o após-assassinato de John F. Kennedy trouxe um impacto profundo na sociedade, mas o acesso às imagens mais chocantes foi limitado. Os principais canais de televisão resistiram a exibir o teor mais gráfico do crime, mesmo quando possuíam as filmagens. O vídeo de Zapruder, que capturou o momento do disparo, só foi divulgado oficialmente em 1975, com um conteúdo amador, e de forma bastante controlada, evitando cenas explícitas.
Hoje, as redes sociais aceleraram a circulação de vídeos violentos, muitas vezes adquirindo um alcance inesperado e rápido. Plataformas como TikTok, X (antigo Twitter) e Instagram permitiram que imagens da morte de Kirk se tornassem virais, impulsionando uma discussão sobre limites éticos e o impacto na audiência. Em contraposição, na era dos anos 1960, os meios tradicionais tentaram limitar a exposição ao conteúdo mais traumático.
Como o contato com imagens violentas impacta o público
Na cobertura do assassinato de JFK, os canais de televisão resistiram a mostrar imagens explícitas por razões éticas e de bom senso. Mesmo quando as filmagens de Zapruder chegaram ao público em 1975, elas foram exibidas com precaução, muitas vezes com a edição de cenas mais explícitas. Por outro lado, a circulação livre pela internet faz com que o público possa ter contato com cenas perturbadoras de forma instantânea e sem filtros.
Segundo especialistas, a exposição a imagens de violência extrema pode aumentar o trauma e o impacto psicológico nas pessoas, especialmente em uma sociedade que hoje consome vídeos de maneira contínua e muitas vezes instantânea. Além disso, a circulação desenfreada de conteúdo gráfico levanta questões sobre o papel das plataformas na proteção do espectador.
Liçōes do passado para o presente
O exemplo das coberturas do assassinato de JFK demonstra que os canais tradicionais optaram por restringir o acesso às imagens mais fortes, priorizando o respeito à audiência. Já no ambiente digital, essa barreira foi derrubada por algoritmos e facilidades tecnológicas que garantem a viralização de qualquer conteúdo, por mais perturbador que seja. Como alerta, empresas e plataformas poderiam aprender com a cautela das emissoras tradicionais e adotar medidas de contenção e avaliação do impacto.
Com o avanço do debate, uma questão permanece: até que ponto a circulação de vídeos violentos serve ao jornalismo e à sociedade? E quais os limites éticos do uso dessas imagens na era digital?
Perspectivas futuras
Especialistas recomendam que plataformas e veículos de comunicação avaliem cuidadosamente o conteúdo mais gráfico antes de seu compartilhamento — promovendo um debate contínuo sobre os limites entre informação, trauma e ética na sociedade contemporânea. A responsabilidade de moderar o acesso às imagens mais violentas é uma questão central para garantir uma discussão mais saudável e consciente.