Brasil, 8 de dezembro de 2025
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BC argentino volta a intervir no dólar e despeja US$ 678 milhões no mercado

Reservas líquidas do Banco Central argentino estão em torno de US$ 6 bilhões, enquanto ouve forte intervenção para conter a cotação do dólar

O Banco Central da Argentina voltou a intervir no mercado cambial nesta semana, vendendo US$ 678 milhões em dois dias consecutivos, com o objetivo de conter a forte alta do dólar. Nas últimas semanas, as reservas líquidas do país atingiram cerca de US$ 6 bilhões, levantando dúvidas sobre a sustentabilidade dessas intervenções.

Intervenções frequentes e limites das reservas

Na quarta-feira, a intervenção foi de US$ 53 milhões, enquanto na quinta-feira, foram US$ 379 milhões, segundo fontes do mercado financeiro. Os dólares utilizados para evitar uma desvalorização ainda maior eram, majoritariamente, do Tesouro Nacional, que já utilizou um total de US$ 1 bilhão nas ações de intervenção.

“Vamos vender até o último dólar no teto da banda”, afirmou o presidente do Banco Central argentino, Alejandro Caputo, em entrevista ao programa Las Tres Anclas. Ele também garantiu que “há dólares para todos”, porém, especialistas ressaltam a dúvida sobre a continuidade dessas vendas frente às reservas limitadas.

Possíveis medidas para o março cambial

Segundo analistas de mercado ouvidos pela Reuters, o governo argentino deve anunciar novas medidas na próxima semana. Entre as opções estão a retomada de um sistema similar ao “cepo”, que limita a quantidade de dólares que os cidadãos podem adquirir; a suspensão do regime de bandas cambiais e uma possível desvalorização do peso, o que poderia acelerar a inflação; ou a implementação de um novo tributo sobre as operações de compra de dólares, algo similar às medidas tomadas pelo governo de Alberto Fernández e Cristina Kirchner.

Impacto político e econômico da crise

Para o economista Santiago Resico, da corretora portenha one618 Group, “seria necessário cerca de US$ 9,75 bilhões para defender a banda cambial até as eleições”, o que considerou um custo altíssimo para o governo. Ele acredita que isso pode levá-lo a mudanças no regime cambial do país.

Além da crise cambial, a economia argentina também enfrenta recuos com a queda no PIB, interrompendo uma fase de recuperação. Segundo dados recentes, o Produto Interno Bruto caiu no segundo trimestre, refletindo os desafios internos e a instabilidade política. Mais detalhes aqui.

‘Pânico é político’, afirma Milei

O candidato presidencial Javier Milei minimizou a crise cambial, afirmando que tudo é “pânico político” e que, após as eleições legislativas de 26 de outubro, a Argentina poderá reencontrar o rumo do crescimento. Em discurso na Bolsa de Córdoba, ele destacou que “se pintarmos a Argentina de violeta, será possível cumprir o sonho de tornar o país novamente grande”.

Apesar da retórica otimista, Milei tem enfrentado derrotas políticas, incluindo vetos derrubados no Parlamento e rumores de negociações com o ex-presidente Mauricio Macri para uma possível aliança eleitoral. Além disso, o líder de extrema direita revelou que negocia um empréstimo de até US$ 10 bilhões com o Tesouro dos Estados Unidos para fazer frente aos vencimentos de dívida do próximo ano, incluindo US$ 4 bilhões em janeiro e outros US$ 4,5 bilhões em julho.

Expectativas e incertezas

Especialistas alertam que, mesmo com a venda de dólares na banda cambial, a sustentabilidade da estratégia é questionável diante das reservas limitadas. A cada intervenção, as contas do governo se tornam mais apertadas, e o cenário político ainda aumenta a incerteza sobre o rumo econômico. Para a próxima semana, a expectativa é de que o governo anuncie novas medidas, mas as dificuldades permanecem.

Fonte: O Globo

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