Na manhã desta sexta-feira (19), o segundo dia do júri popular dos réus Carlos Ramon da Silva Gonçalves e Marcelo Henrique Carvalho Coppi, acusados pela morte do advogado Leonardo Bonafé, inicia-se no Fórum de Taubaté. O julgamento começou na quinta-feira (18) e já contabiliza cerca de 10 horas de audiência, sinalizando a complexidade do caso que envolve várias questões jurídicas e sociais.
Retomada das audiências e andamento do júri
A audiência foi suspensa na noite de quinta-feira e será retomada às 9h30 de hoje com as considerações do Ministério Público de São Paulo. O MP argumenta que, embora os réus não sejam os executores do crime, eles tiveram um papel essencial ao fornecerem o veículo usado na execução do crime, um fator que, segundo a denúncia, os torna co-autores do homicídio.
O caso ganha ainda mais atenção pelo envolvimento da vítima, Leonardo Bonafé, de apenas 25 anos e filho de Flávio Bonafé, advogado e candidato a prefeito de São Luiz do Paraitinga. Leonardo foi fatalmente atingido por um ataque a tiros em frente ao seu local de trabalho, um crime que abalou a comunidade e gerou protestos por justiça.
Como foram os primeiros momentos do júri?
O primeiro dia do júri começou por volta das 10h30 e contou com a presença de sete jurados (três homens e quatro mulheres) e 13 testemunhas convocadas para depor. Contudo, apenas seis testemunhas foram ouvidas, o que sinaliza que a defesa e a acusação estão sendo muito criteriosas na apresentação de evidências e testemunhos.
Entre os depoentes, destacam-se o delegado Vinícius Garcia, responsável pela investigação do caso, que afirmou sem dúvidas que os réus participaram da clonagem e adulteração do veículo utilizado no crime. Esse depoimento marca um ponto crucial, evidenciando a estratégia de defesa ou acusação que cada lado pode seguir nos próximos dias.
Defesa dos réus e clamor por justiça
As defesas dos réus emitiram notas expressando suas posturas. A defesa de Carlos Ramon declarou que ele “jamais participou ou prestou qualquer auxílio material ao delito”, enquanto a defesa de Marcelo Coppi afirmou que ele deseja que “os verdadeiros culpados sejam presos e julgados em breve”. Essas declarações demonstram a tensão em torno do caso, que continua a envolver emocionalmente a comunidade.
É importante lembrar que o crime ocorreu no dia 28 de agosto do ano passado, quando Leonardo foi atingido por pelo menos seis disparos de arma de fogo na linha de frente de seu trabalho. O crime foi brutal e, desde então, a sociedade clama por justiça e por esclarecimentos sobre o que realmente aconteceu naquele dia fatídico.
Desdobramentos da investigação e prisões
As investigações se intensificaram rapidamente após o homicídio, resultando na prisão de Marcelo Henrique em 6 de setembro e, posteriormente, Carlos Ramon em Valinhos. A análise da Justiça identificou conversas entre os réus que evidenciam um claro envolvimento na preparação do crime, incluindo a entrega do veículo clonado à dupla que executou Leonardo.
O veículo em questão, um Jeep Renegade preto, se tornou uma peça-chave na investigação, sendo encontrado queimado na zona rural de Taubaté logo após os disparos. A Justiça aceitou o pedido do MP, reconhecendo que há indícios suficientes para sustentar a acusação de homicídio qualificado, o que traz um peso significativo para o julgamento atualmente em curso.
O impacto na comunidade e os próximos passos
Cerca de 100 pessoas estiveram presentes no primeiro dia do júri, incluindo amigos, parentes e até estudantes de direito, mostrando o interesse da comunidade em ver a justiça sendo feita. O caso Bonafé não é apenas um processo legal, mas um reflexo das inseguranças e desafios que a sociedade ainda enfrenta em relação à violência e ao crime organizado.
O júri deve prosseguir com o depoimento de testemunhas e possíveis interrogatórios que devem conduzir à deliberação dos jurados. Espera-se que o julgamento seja concluído ainda hoje, trazendo alívio e, quem sabe, um fechamento para uma tragédia que chocou muitos em Taubaté e regiões vizinhas.