Brasil, 19 de setembro de 2025
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Crise no Botafogo: os desdobramentos da gestão de John Textor

Entenda como a administração de John Textor se tornou foco de controvérsias e desafios financeiros no Botafogo.

A gestão de John Textor à frente do Botafogo gerou resultados esportivos significativos, mas também desencadeou um turbilhão de críticas e preocupações. Desde sua chegada ao clube, a transparência nas operações da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) tem sido constantemente questionada, refletindo uma relação tensa entre as instâncias administrativas e a torcida.

A falta de transparência na gestão de Textor

Apesar dos avanços no desempenho do time, a gestão de John Textor não conseguiu escapar de severas condenações, principalmente no que diz respeito à falta de clareza nas contas e decisões administrativas. As reuniões do Conselho Deliberativo, em 2024, revelaram a insatisfação de conselheiros diante da ausência de relatórios financeiros e da penhoragem de ações da SAF.

O conselheiro Mauro Sodré Maia, presidente do Conselho, expressou graves preocupações sobre a falta de funcionamento da engrenagem de prestação de contas, apontando que a ausência de informações estava gerando uma grande incerteza acerca da gestão da SAF. “Nunca houve uma reunião de fato”, afirmou Durcesio Mello, ex-presidente e representante do Botafogo no Conselho de Administração, evidenciando que a direção estava em mãos estrangeiras sem muita consideração pela transparência prometida pelo investidor.

Decisões criticadas e protestos

As decisões tomadas na gestão de Textor se tornaram alvo de críticas acentuadas, especialmente quanto à venda de jogadores e as remessas financeiras ao Lyon, outro clube integrante do seu conglomerado. O conselheiro Antonio Carlos Mantuano e o contador André Souza levantaram preocupações sobre as transações comerciais entre as entidades, exigindo garantias adequadas e clareza na documentação proposta.

O ápice das críticas ocorreu após a conquista da Copa Libertadores, quando o presidente do Conselho voltou a solicitar informações não comunicadas, enfatizando que os riscos inerentes à amizade entre Mello e Textor eram inaceitáveis. Isso foi acompanhado pela reprovação das contas referentes à gestão de Mello em 2022, uma decisão que gerou protesto por parte de Textor, que desqualificou o Conselho como “covardes sem rosto” e apoiou publicamente Mello em meio ao tumulto.

A crise financeira da SAF

Em um momento em que o Botafogo celebrava títulos, a realidade financeira da SAF começou a emergir como um entrave sério. A previsão de prejuízos crescentes, chegou a R$ 300 milhões mesmo após um faturamento recorde de R$ 720 milhões. Com um endividamento que se aproxima de R$ 1 bilhão, Textor se viu forçado a tomar decisões que levantaram questões éticas sobre o comprometimento futuro do clube.

A adoção de um “caixa único” para gerenciar as finanças entre Botafogo e Lyon levantou bandeiras vermelhas. Um documento da BDO, empresa auditora, destacou a natureza questionável das transações entre clubes, minando a confiança nas operações financeiras de Textor, que assumiu o Botafogo após assumir compromisso com a recuperação do Lyon.

A busca por soluções

Para lidar com a crise, Textor procurou realizar um IPO, sendo este considerado um passo crucial para resolver as dívidas da Eagle. Em meio a pressões para consolidar a situação financeira e afirmações de que proteção foi buscada através de várias novas transações, o IPO nunca saiu do papel. Quando questionado, Textor alegou que o processo de entrada na Bolsa de Nova York estava atrasando a divulgação das demonstrações financeiras do Botafogo, uma justificativa que não convenceu muitos conselheiros.

Impactos das disputas jurídicas

As tensões aumentaram com o surgimento de litígios entre Textor e seus sócios da Eagle, que buscavam retomar o controle dentro da SAF. Em um movimento estratégico, Textor convocou reuniões administrativas para aprovar empréstimos significativos, manobrando a situação financeira para garantir que as ações do Botafogo não fossem transferidas sob sua supervisão.

Após o inesperado desdobramento judicial, onde o empresário processou a Eagle, a batalha pela governança começou a ganhar contornos mais nebulosos. Os sócios de Textor na Eagle começaram a estruturar um plano que poderia levar à expulsão de Textor da administração do clube, culminando em uma crise de poder que coloca em cheque o futuro do Botafogo.

Um futuro incerto pela frente

Com uma série de manobras jurídicas em andamento, a fala de Textor em desacordo sugere um impasse no relacionamento entre a Eagle e o Botafogo. As interações entre os dirigentes e as quedas de braço podem muito bem decidir o futuro do clube e reconfigurar a história do Botafogo nos próximos capítulos. Se a relação entre Textor e a estrutura administrativa atual se desmoronar, o alvinegro poderá enfrentar sérias dificuldades, não apenas na sua atuação dentro de campo, mas também em sua sustentabilidade financeira.

Em suma, a gestão de John Textor traz à tona um complexo cenário onde promessas de glórias esportivas são contrabalançadas por desafios financeiros e desavenças administrativas, questionando se o Botafogo conseguirá estabilizar sua posição enquanto enfrenta as incertezas do futebol moderno.

O desfecho dessa saga está longe de ser definido, mas o envolvimento da torcida e dos conselheiros será fundamental para resgatar a confiança no clube, exigindo uma reforma significativa na maneira como a gestão é conduzida e comunicada.

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