Brasil, 18 de setembro de 2025
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PEC da blindagem é alvo de críticas por violar a separação de poderes

A PEC da Blindagem gera polêmica ao restringir ações judiciais contra parlamentares, com possíveis implicações na Constituição.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem, que estabelece barreiras para ações judiciais contra parlamentares, suscita um intenso debate sobre sua constitucionalidade. Juristas consultados apontam que a proposta pode violar cláusulas pétreas da Constituição Brasileira, como o princípio da separação dos Poderes, e levantam preocupações sobre a possibilidade de promover um ambiente favorável à corrupção e à entrada de organizações criminosas no Legislativo.

Críticas à constitucionalidade da PEC

O texto da PEC resgata uma prerrogativa que foi derrubada em 2001, onde a Câmara e o Senado teriam que autorizar processos contra seus membros. Especialistas afirmam que essa retomada representa um retrocesso perigoso. Segundo Renato Vieira, advogado especializado em direito criminal, a medida infringe a função do Judiciário, responsável por julgar denúcias apresentadas pelo Ministério Público.

“Estamos revivendo um dique de contenção sobre algo que pertence à atividade do Poder Judiciário, e isso representa um risco seríssimo”, afirma Vieira. Ele elucida que, quando uma denúncia é apresentada, esta não pode ser julgada pelo próprio Legislativo, que não pode ser juiz de si mesmo.

Implicações para a transparência e a integridade

O professor de Direito Constitucional Gustavo Sampaio, da Universidade Federal Fluminense (UFF), destaca que a norma que impede buscas e apreensões em gabinetes parlamentares e limita a abertura de processos criminais poderá ser questionada no Supremo Tribunal Federal (STF). “Essa medida pode violar a separação dos Três Poderes, que é fundamental para o funcionamento do Estado”, alerta Sampaio.

Da mesma forma, o professor Daniel Sarmento, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), adverte que a PEC infringe outros princípios constitucionais importantes. Ele argumenta que a proposta estabelece privilégios que comprometem a igualdade entre os cidadãos, uma das cláusulas pétreas do Brasil. “É uma medida profundamente antirrepublicana”, critica.

Votação secreta e seus efeitos

A PEC também introduz a votação secreta para decisões sobre a abertura de processos, uma mudança considerada por juristas como um retorno à falta de transparência que pode prejudicar a relação entre os eleitores e seus representantes. O advogado Antônio Carlos de Freitas Jr, doutor em Direito Constitucional, enfatiza que a transparência é essencial. “O eleitor precisa saber como seu candidato vota ao se tornar parlamentar”, defende.

A secretividade nas votações é vista como uma forma de desviar o olhar do eleitor sobre as ações dos parlamentares, o que poderia favorecer práticas obscuras dentro do Legislativo.

Convite à corrupção e à criminalidade

Outro aspecto alarmante mencionado por especialistas é a possibilidade de que mudanças legislativas tornem o ambiente mais propício à infiltração de organizações criminosas no parlamento. A avaliação é de que a PEC poderia estimular a politização da criminalidade, atraindo grupos que buscam se inserir no sistema político para proteger seus interesses e atividades ilícitas.

“É como se fosse um ‘007’, uma licença para delinquir e adotar comportamentos criminosos”, alerta um jurista. Essa análise suscita preocupações sobre a proteção do Estado democrático de direito e a confiança da população nas instituições.

Conclusão

A PEC da Blindagem está em foco e gera controvérsia entre especialistas, que alertam para os riscos à integridade das instituições brasileiras e à própria democracia. As potenciais violações à Constituição e a possibilidade de um retorno a práticas de pouca transparência e favoritismo colocam em dúvida a legitimidade das reformas propostas. À medida que o debate avança, resta saber como o STF se posicionará em relação a essas mudanças que podem moldar o futuro político do Brasil.

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