Em um momento já difícil, marcado pelo luto e pela perda de entes queridos, duas famílias em Araras, São Paulo, trazem à tona graves denúncias sobre a administração do Cemitério da cidade. As irregularidades relatadas geram não apenas dor, mas também uma sensação de revolta e desamparo. Entre os casos mais impactantes, uma mulher luta para identificar os restos mortais de seu marido, exumados sem aviso prévio, enquanto outra encontra restos desconhecidos em seu túmulo familiar.
A exumação inesperada e o luto interrompido
Ivane Bueno, uma gestora de negócios e saneamento, se viu em meio a uma situação angustiante ao descobrir que a ossada do seu marido, Fernando Rodrigues, um músico que faleceu em dezembro de 2021 em decorrência da Covid-19, foi exumada do túmulo provisório onde foi sepultado. Segundo Ivane, ao visitar o cemitério, percebeu que o local anteriormente preparado para homenagear seu companheiro estava desprovido de qualquer identificação. “Ao chegar aqui, eu não consegui identificar o túmulo do meu marido. Eu tinha mandado fazer, embora seja um túmulo provisório, tinha mandado colocar um piso, a foto dele e uma placa de identificação. Não tinha foto, nada”, lamentou a viúva.
Em 4 de setembro, a Secretaria Municipal de Serviços Públicos informou que a exumação aconteceu no dia 29 de dezembro de 2024 e que os restos mortais foram levados ao ossário, uma prática que, segundo a secretaria, ocorreu devido a uma falha no sistema de registro. “A família não foi comunicada da exumação por falta de informações no sistema”, acrescentou a nota oficial. Para Ivane, toda a situação é um “descalabro”, e a dor da perda foi intensificada pela maneira como o caso foi tratado. Ela registrou um Boletim de Ocorrência e busca agora a realização de um exame de DNA para confirmar a identidade da ossada que, segundo a prefeitura, foi deixada próxima ao cemitério para identificação.
Restos desconhecidos e falta de respeito
Outra situação angustiante envolve Marisalva Pereira Mascarenhas, que também denunciou irregularidades no cemitério. Desde a exumação do irmão, Revair, ocorrida em fevereiro de 2025, a família encontrou ossos de uma pessoa desconhecida deixados em seu túmulo. “Vim aqui para tirar, só que onde o coveiro estava tirando, não era o lugar onde o meu irmão estava. Meu irmão estava mais para baixo”, explicou Maridalva. Neste caso, a ossada de Revair está sepultada, mas o enterro inadequado de uma pessoa desconhecida deixou a família perplexa.
&“É uma falta de respeito pela pessoa, porque a família sofre também”, concluiu Maridalva. A situação é ainda mais complexa, uma vez que a administração do cemitério se vê pressionada a lançar uma resposta adequada. A Prefeitura de Araras afirmou que está acompanhando ambas as situações e se colocou à disposição para resolver os problemas o mais rápido possível.
Posicionamento da prefeitura e medidas futuras
A Prefeitura de Araras lamentou os episódios e reiterou que os restos mortais do músico Fernando Rodrigues estão atualmente guardados no ossário do cemitério. A administração municipal se comprometeu a esclarecer a situação e a colaborar para que os casos sejam resolvidos a contento dos afetados. A prefeitura ainda informa que, desde o início do ano, não estão sendo realizadas exumações sem a presença de familiares, buscando garantir que situações como essas não voltem a ocorrer.
No que diz respeito ao segundo caso, a Prefeitura de Araras aguarda autorização de Maridalva para que os restos mortais desconhecidos sejam retirados do túmulo da família. Informações mais detalhadas são esperadas à medida que as investigações sobre ambos os casos prosseguem.
Histórias como estas relembram a fragilidade do momento de perda e a importância de um acompanhamento humano e respeitoso em relação aos falecidos e suas famílias. O clamor por justiça e dignidade é palpável nas palavras de Ivane e Maridalva, que desejam não apenas soluções, mas um tratamento dignificante para aqueles que já partiram e para os que permanecem em luto.
Mais casos de irregularidades foram reportados em Araras, incluindo situações de desaparecimento de restos mortais que chamam a atenção para a necessidade de um gerenciamento mais cuidadoso e respeitoso nos cemitérios da região.
Para mais detalhes sobre este e outros casos que impactam a comunidade de Araras, continue acompanhando suas fontes locais e mantenha-se informado sobre os desdobramentos destes incômodos eventos.