As empresas brasileiras que enfrentam o tarifão imposto pelos Estados Unidos, que afetou cerca de um terço das exportações para o país, já podem se habilitar para receber recursos do plano Brasil Soberano. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (18) pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
Recursos disponíveis para exportadores afetados
Ao todo, estão disponíveis R$ 40 bilhões em financiamentos com juros subsidiados. Destes, R$ 30 bilhões provêm do Fundo Garantidor de Exportações (FGE) e R$ 10 bilhões do próprio BNDES. O objetivo é oferecer suporte em capitais de giro, investimentos, compra de máquinas e equipamentos, além de auxiliar na busca por novos mercados.
Plano Brasil Soberano e condições de acesso
O plano Brasil Soberano, lançado em 13 de agosto, visa ajudar empresas que exportam para os Estados Unidos com produtos na lista de tarifação de até 50%. Segundo o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, a concessão do crédito estará condicionada à manutenção de empregos, visando proteger a economia.
“O BNDES vai socorrer todas as empresas, e a contrapartida é manter os empregos para a economia continuar crescendo, e o país não ser prejudicado por essas medidas autoritárias, unilaterais e injustificadas”, afirmou Mercadante.
Quem pode acessar e como solicitar
Empresas de todos os portes, que tenham ao menos 5% do faturamento bruto no período de julho de 2024 a julho de 2025, com produtos na lista de tarifação, podem solicitar os R$ 30 bilhões. Já os R$ 10 bilhões do BNDES estão disponíveis para empresas de qualquer porte.
Para verificar a elegibilidade, o primeiro passo é consultar o site do BNDES, onde a empresa deve realizar uma autenticação usando o certificado digital pelo plataforma GOV.BR. Se for apta, o próximo passo é o contato com o banco em que já possui relacionamento, ou, no caso de grandes empresas, buscar diretamente o BNDES.
Efeitos do tarifão americano na economia brasileira
De acordo com levantamento da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), as exportações brasileiras afetadas pelo tarifão de até 50% caíram 22,4% em agosto na comparação com o mesmo período de 2024. Os Estados Unidos continuam sendo o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China.
O Ministério do Desenvolvimento informa que cerca de 35,9% das exportações brasileiras para os EUA estão sob a incidência do tarifaço. A medida foi adotada pelo governo americano em resposta a uma alegação de déficit comercial com o Brasil, embora números oficiais mostrem o contrário. Além disso, o presidente Donald Trump justificou a tarifa com o tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, considerado por ele como uma perseguição.
Produtos como suco de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes, peças de aeronaves civis, além de polpa de madeira, metais preciosos e energia, ficaram de fora da lista de tarifação, que conta com quase 700 itens.
Por fim, o impacto do tarifão e as ações de auxílio do governo demonstram a tentativa de mitigar os efeitos nas exportações brasileiras e proteger os empregos, enquanto a disputa comercial com os Estados Unidos segue em curso.