No mais recente lançamento de sua autobiografia, intitulada Heartbeats: a memoir, Bjorn Borg, ícone do tênis mundial e sexto maior vencedor de Grand Slams, aborda episódios marcantes de sua vida, incluindo sua luta contra o câncer de próstata e o vício em cocaína. Publicado nesta quinta-feira, o livro traz um retrato íntimo do atleta que já foi considerado um dos melhores de todos os tempos.
Uma vida marcada por desafios
Aos 69 anos, Borg revela que enfrentou uma intensa batalha contra a dependência química, que o deixou “terrivelmente envergonhado”. Em suas memórias, o ex-tenista narra como sua introdução ao uso de cocaína remonta ao início dos anos 1980, durante uma visita à famosa boate nova-iorquina, Studio 54. “A primeira vez que experimentei cocaína, senti uma onda tão forte quanto a que o tênis já havia me proporcionado”, escreve ele, refletindo sobre a forma como as substâncias se tornaram uma fuga de suas pressões e desafios pessoais.
O impacto do vício na vida de Borg
Os problemas com o uso de drogas agravaram-se consideravelmente quando Borg se estabeleceu em Milão, nos anos 1990, numa fase em que estava casado com a cantora italiana Loredana Bertè. Em seu relato, ele diz que estava cercado por “más influências” e que a convivência com drogas e pílulas o mergulhou em uma “profunda escuridão”. A pressão familiar e a influência do ambiente contribíram para sua queda, ilustrando bem como o vício pode se manifestar em situações adversas.
A autobiografia também aborda um episódio marcante de sua vida: em 1996, Borg desmaiou em uma ponte na Holanda, momentos antes de um torneio de exibição. Quando acordou no hospital, encontrou seu pai ao seu lado, um momento que ele descreveu como “terrivelmente constrangedor” e um claro sinal do impacto que o vício teve em sua vida e nas relações familiares.
A batalha contra o câncer de próstata
A luta de Borg contra o vício não é o único desafio que ele está enfrentando. Recentemente, foi diagnosticado com câncer de próstata, um episódio que ele divulga em sua autobiografia com total sinceridade. “O risco de voltar ainda existe, e é algo com que terei que conviver por um tempo, com a ansiedade de não saber se o câncer foi detectado a tempo”, revela Borg, que agora deve realizar check-ups regulares a cada seis meses para monitorar sua condição de saúde.
Apesar de suas dificuldades, Borg tenta manter uma vida ativa. Em sua aparição no programa de entrevistas Skavlan, ele compartilhou que se exercita diariamente, embora admita que não joga tênis há seis anos. Ao longo de sua carreira, Borg se destacou por conquistas incríveis, incluindo cinco títulos de Wimbledon e seis de Roland Garros, o que o torna uma das figuras mais lendárias do esporte. Ele abandonou as quadras aos 26 anos, em 1983, e agora reflete sobre os novos desafios que a vida lhe apresentou.
Reflexões sobre doping e o futuro do tênis
No contexto atual do tênis, Borg também trouxe à tona a questão do doping. “Sei que isso existe entre os juniores”, revelou ao discutir a recente controvérsia envolvendo o tenista Jannik Sinner e um teste positivo para um esteroide anabolizante. A complexidade do ambiente do esporte contemporâneo e a pressão sobre os atletas para obterem êxito é uma preocupação constante para aqueles que, assim como Borg, viveram intensamente o mundo da competição.
Ele também comentou sobre a situação desconcertante envolvendo os treinadores de Sinner: “Ele demitiu um dos seus treinadores, o preparador físico, e então, quando tudo se acalmou, ele recontratou o mesmo preparador físico. Acho isso muito estranho”, declarou Borg, refletindo sobre os desafios de confiança e ética no cenário esportivo atual.
A autobiografia de Bjorn Borg é mais que um simples relato de conquistas; é um testemunho de resiliência e superação. Sua trajetória, marcada por glórias e lutas pessoais, serve como inspiração para muitos, esperando que sua sinceridade e transparência ajudem a desestigmatizar a conversa sobre vícios e saúde mental no mundo do esporte.