Na noite desta quarta-feira, a aprovação do regime de urgência para a tramitação de um projeto de lei que propõe anistia a envolvidos em atos antidemocráticos, como os ocorridos em 8 de janeiro, agitou as redes sociais. Enquanto os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro celebravam a decisão como uma “vitória do Brasil”, parlamentares de esquerda expressaram indignação, classificando-a como uma “vergonha para o Congresso”.
Consequências da aprovação
O projeto, se aprovado, pode beneficiar diretamente Jair Bolsonaro, que foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado e outros crimes. Flávio Bolsonaro, senador pelo PL-RJ e filho do ex-presidente, manifestou seu apoio à medida, elogiando os deputados que votaram a favor e defendendo uma “anistia ampla, geral e irrestrita”. “Somente assim conseguiremos pacificar o Brasil”, destacou Flávio em uma rede social.
Por outro lado, o ex-deputado Deltan Dallagnol, do Novo, viu a aprovação do regime de urgência como uma vitória do povo. “Você fez isso acontecer. Foi sua voz, sua pressão, sua indignação que empurraram essa conquista para frente”, afirmou, ressaltando que a medida simboliza um país que clama por justiça e não aceita ser silenciado.
Visões divergentes entre parlamentares
O deputado Nikolas Ferreira, do PL-MG, também comemorou o resultado, afirmando que ainda “há trabalho a ser feito”. Para ele, a aprovação com 311 votos foi uma demonstração de que pautas consideradas impossíveis no passado agora ganham força no Congresso. “Continuaremos perseguindo o impossível”, prometeu.
A senadora Damares Alves, alinhada ao Republicanos, expressou seu orgulho pelo trabalho feito, destacando a coragem do presidente da Câmara, Hugo Motta, em pautar a matéria. “Foi um grande dia”, escreveu em suas redes sociais.
Reações contrárias e preocupações legais
No entanto, a aprovação do projeto não foi bem recebida por todos. O deputado federal Guilherme Boulos, do PSOL-SP, manifestou sua indignação ao classificar o episódio como uma “vergonha” para o Legislativo. “Os advogados de golpistas dobraram a aposta”, alertou, enfatizando a necessidade de uma resposta firme dos brasileiros.
Marcelo Freixo, presidente da Embratur e também do PT, levantou críticas severas à proposta, afirmando que a pacificação do país deve passar pelo respeito à Constituição. Para ele, a Câmara estaria descumprindo a carta magna de 1988 ao avançar com algo que considera ilegal, sugerindo que isso poderia abrir uma nova crise entre os poderes Executivo e Judiciário.
A deputada Érika Hilton, do PSOL-SP, também se uniu às vozes críticas, apontando para um possível retrocesso democrático. “Querem que políticos, se discordarem do resultado de uma eleição democrática, possam tentar se apoderar do poder”, disse, acrescentando que, caso a anistia seja concedida, o Brasil pode estar caminhando para uma “ditadura dos corruptos”.
Expectativas para os próximos passos
Com opiniões fortemente divididas e um clima de tensão no ar, o futuro da proposta de anistia ainda é incerto. O presidente Lula terá que decidir se sanciona ou veta o projeto, enquanto o STF poderá se pronunciar sobre sua legalidade. A mobilização popular e as reações nas redes sociais seguirão influenciando o debate público enquanto os brasileiros aguardam as próximas decisões dos representantes eleitos.