O advogado Nelson Willians se destacou durante a mais recente sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Ele, que foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) por suspeitas de envolvimento em fraudes, se negou a assinar um termo de compromisso para dizer a verdade, desafiando a CPI em um momento delicado para a investigação.
Fuga das perguntas e relação com os réus
Willians, que prestou serviços ao empresário Maurício Camisotti, reconhecido como um dos principais suspeitos na operação, optou por não responder à maioria das perguntas feitas pelo relator da CPI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL). Em suas poucas respostas, o advogado admitiu conhecer Camisotti e, contrariamente à sua postura evitativa, reconheceu que a PF não errou ao realizar operações visando o combate às fraudes no INSS.
Habeas corpus garante silêncio
Com um habeas corpus concedido pelo ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), Willians se viu protegido pelo direito de permanecer em silêncio, mas foi obrigado a comparecer à sessão da CPI. Esse direito de não se incriminar, no entanto, levantou questões sobre a transparência e a responsabilidade dos envolvidos na investigação das fraudes.
Sessões da CPI e figuras centrais
Na mesma quinta-feira, a CPI do INSS deu início às audiências relacionadas ao empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. Antunes é considerado uma figura central no esquema fraudulento que resultou em perdas bilionárias para o INSS. O planejador do esquema, conhecido também como “Careca”, havia cancelado sua participação na CPI, levando a comissão a convocar outros envolvidos, incluindo familiares e sócios, mostrando um esforço para quebrar o silêncio e entender a extensão do esquema.
A situação de Careca e Camisotti
Recentemente, Careca e Maurício Camisotti foram presos por uma determinação do STF, ligada à Operação Sem Desconto. Essa operação visa desmantelar um complexo esquema de fraudes que envolveu descontos indevidos em aposentadorias e pensões, levantando a suspeita de ocultação patrimonial e riscos de fuga dos envolvidos. Durante a prisão, ficou evidente a gravidade da situação e a necessidade de respostas contundentes dos envolvidos.
Requerimentos para prisão e depósitos suspeitos
Com a identificação do risco de fuga, a CPI já havia se movido para solicitar a prisão preventiva e a quebra de sigilos de Careca e Camisotti. O presidente da CPI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), mencionou que enfrentou dificuldades para intimar os dois, o que caracteriza a urgência e a complexidade deste caso.
Movimentação financeira suspeita
Antônio Carlos Antunes, o Careca, é visto como o operador que facilita a conexão entre associações fraudulentas e funcionários do INSS. De acordo com relatórios da Polícia Federal, ele movimentou cerca de R$ 53 milhões em recursos provenientes de entidades sindicais e empresas ligadas a ele, um valor bem acima da renda oficial que declarava, que era de R$ 24 mil por mês. Além disso, a investigação revelou que ele teria movimentado R$ 9,3 milhões em repasses destinados a pessoas conectadas a servidores do INSS entre 2023 e 2024.
Quem será ouvido nesta segunda
- Tânia Carvalho dos Santos – esposa de Careca
- Romeu Carvalho Antunes – filho de Careca
- Rubens Oliveira Costa – sócio de Careca
- Milton Salvador Júnior – sócio de Careca
- Nelson Willians – advogado que foi alvo da PF
À medida que a CPI avança, as audiências visam trazer clareza sobre a intensa rede de fraudes no sistema previdenciário, colocando em xeque não apenas os indivíduos envolvidos, mas também a estrutura de funcionamento do INSS e a resposta das autoridades competentes em lidar com tais irregularidades.
O clima entre os membros da CPI e os convocados se torna cada vez mais tenso, e a pressão para obter respostas concretas só aumenta. O público observa ansiosamente, aguardando desdobramentos e possíveis reformas em um sistema tão crucial para milhões de brasileiros.