Brasil, 18 de setembro de 2025
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A presença de agentes de imigração em hospitais da Califórnia gera tensão

A atuação de agentes de imigração em hospitais interfere no atendimento ao paciente e gera medo entre profissionais de saúde.

Nos últimos meses, uma onda de tensão tem tomado conta dos hospitais da Califórnia, especialmente em emergências, onde a presença de agentes da Imigração e Controle de Fronteiras (ICE) tem se tornado cada vez mais frequente. Dianne Sposito, uma enfermeira de 69 anos com mais de 40 anos de experiência, é uma das profissionais que presenciaram essa realidade, que ela descreve como desafiadora e alarmante.

Interferência no atendimento ao paciente

Em um incidente recente, Sposito se viu diante de uma situação angustiante quando um agente do ICE bloqueou seu acesso a uma paciente que estava em estado de desespero, gritando e tentando se soltar da maca. “Eu trabalhei com policiais por anos, e nunca vi nada parecido. Era muito assustador, porque a pessoa atrás dele estava gritando e eu não sabia o que estava acontecendo com ela”, contou Sposito.

Esse tipo de situação não é isolado; conforme relatado por Mary Turner, presidente da National Nurses United, a grande maioria dos hospitais nos Estados Unidos está vendo um aumento na presença do ICE, o que cria um ambiente de insegurança tanto para pacientes quanto para a equipe médica. “A presença de agentes do ICE é muito perturbadora e cria um ambiente inseguro e assustador”, disse Turner, ressaltando a importância de os imigrantes serem considerados tanto pacientes quanto colegas de trabalho.

Políticas de saúde e imigração em conflito

A crescente presença de agentes de imigração em hospitais é resultado de uma mudança nas políticas federais iniciada durante a administração Trump. O ex-presidente emitiu uma ordem executiva que revogou a classificação de hospitais e escolas como “locais sensíveis”, em que as operações de imigração eram limitadas. A nova política levanta preocupações sobre o impacto no atendimento médico, uma vez que, segundo Turner, isso pode desencorajar pessoas doentes de procurar cuidados quando necessário.

“Permitir que o ICE tenha acesso indevido a hospitais, clínicas e casas de repouso é não apenas imoral, mas também prejudicial à saúde pública”, afirmaram George Gresham e Patricia Kane em uma declaração conjunta. Eles enfatizaram que nunca devemos estar em posições onde se espera que assistamos ou sejamos perturbados por agentes federais enquanto tentam deter pacientes ou seus entes queridos.

Impacto direto nos pacientes

O impacto dessas ações é palpável, e muitos enfermeiros afirmam que os agentes do ICE tentam impedir que os pacientes se comuniquem com amigos ou familiares, e até mesmo monitoram as conversas entre pacientes e profissionais de saúde, violando as diretrizes da HIPAA e o direito à privacidade dos pacientes.

Casos emblemáticos têm surgido, como o de Milagro Solis Portillo, uma mulher salvadorenha que foi detida e teve sua internação em hospital marcada pela vigilância constante de agentes do ICE. Seu advogado relata que ela foi forçada a se transferir para outro hospital contra as ordens médicas, e a presença opressiva dos agentes impediu que ela recebesse visitas ou acesso a sua equipe jurídica, criando um ambiente de medo e trauma.

A resposta dos hospitais

Hospitais e sistemas de saúde estão divididos quanto às políticas em relação ao ICE. Enquanto sistemas públicos administrados pelo condado da Califórnia devem seguir diretrizes estabelecidas pelo procurador-geral do estado, que limita o compartilhamento de informações com autoridades de imigração, outras instituições somente são incentivadas a fazê-lo. Isso resulta em uma variedade de políticas que podem não proteger adequadamente os pacientes.

No entanto, as reações do governo federal a desafios feitos pelos trabalhadores de saúde lembram que a proteção dos direitos dos pacientes e das equipe ainda está em jogo, como evidenciado por recentes acusações a funcionários de um centro cirúrgico da Califórnia que tentaram proteger um imigrante do ICE.

Perspectivas futuras

A situação permanece crítica, enquanto profissionais da saúde continuam a relatar experiências de interferência e a necessidade urgente de um diálogo nacional sobre a proteção do atendimento médico. A luta para garantir que o atendimento médico seja acessível e não intimidado pela presença de agentes de imigração é uma batalha que está longe de terminar.

As declarações de enfermeiros e líderes de organizações de saúde alertam que o foco deve estar na recuperação e bem-estar dos pacientes, não na sua documentação ou status imigratório. O papel das enfermeiras e de toda a equipe de saúde deve ser garantir que todos, independentemente de sua origem, tenham acesso ao tratamento que merecem.

Conforme a questão da imigração continua a dominar o cenário político e social nos Estados Unidos, a necessidade de garantir que o atendimento médico seja sempre uma prioridade, sem medo ou discriminação, nunca foi tão urgente.

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