Brasil, 17 de setembro de 2025
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Urgência na votação da anistia gera receios no Congresso

A possibilidade de anistia para atos golpistas levanta debates acirrados e receios entre os parlamentares.

Hoje, a Câmara dos Deputados deverá colocar em votação a urgência do projeto que anistia os envolvidos em atos golpistas ocorridos no dia 8 de janeiro. Este projeto, que pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, está cercado de polêmica e tensão no cenário político brasileiro. Parte dos governistas teme que, em retaliação pela falta de apoio do PT à PEC da Blindagem, a urgência da anistia seja aprovada, o que poderia comprometer a Medida Provisória do Setor Elétrico, cuja validade se esgota hoje.

Controvérsias em torno da anistia

Nos últimos dias, a discussão sobre o projeto de anistia ganhou força após o Partido dos Trabalhadores (PT) orientar seus membros a votarem contra a PEC da Blindagem. Antes dessa orientação, havia uma tendência majoritária entre os partidos do Centrão para barrar a anistia, com a intenção de pautar a urgência do projeto para que ele fosse rejeitado no plenário. Tal resultado encerraria o debate sobre um eventual perdão que incluiria Bolsonaro no contexto da tentativa de golpe e poderia até recuperar sua elegibilidade.

Os bolsonaristas, por sua vez, se opõem a uma versão reduzida da anistia que visaria simplificar a discussão apenas para um texto que reduzisse penas, mas que não excluiria a possibilidade de prisão ou inelegibilidade. A resistência em aprovar qualquer versão que não garanta um perdão amplo evidencia a divisão existente dentro do Congresso a respeito do assunto.

A reação do Centrão e as considerações do governo

A avaliação no Congresso é que a postura do PT complicou mais ainda a possibilidade de aprovação da PEC, que já enfrentava um cenário desfavorável devido à sua impopularidade. Um membro da cúpula do PP chegou a afirmar que os integrantes do PT deveriam “ficar de castigo” pela sua conduta. Enquanto isso, mesmo sob orientação do PT, 12 deputados petistas optaram por votar a favor da urgência, evidenciando um campo de votos que, apesar das diretrizes do partido, ainda se alinha com outras posições.

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, em reunião com ministros do Centrão, reforçou que a PEC é uma emenda à Constituição, portanto não se trata de um assunto que o governo possa vetar. Ela destacou a importância de que a agenda do país seja priorizada, mencionando questões como isenção do Imposto de Renda e justiça tributária.

Perspectivas e a reação da sociedade

O encontro entre Lula e os ministros Edson Fachin e Alexandre de Moraes teve como pano de fundo a discussão sobre a anistia aos envolvidos na tentativa de golpe, que foi considerada uma afronta ao STF. Durante a conversa, Fachin deixou claro que tal proposta é vista como inconstitucional, e o governo busca bloquear seu avanço no Congresso.

A pesquisa Genial/Quaest, divulgada recentemente, indica que 41% dos brasileiros se opõem à anistia para os envolvidos na tentativa de golpe. Dentre os entrevistados, 36% são a favor do perdão inclusive a Bolsonaro, enquanto 10% defendem a anistia apenas para os manifestantes. O diretor da Quaest, Felipe Nunes, enfatiza que não há apoio popular robusto para um debate sobre a anistia que beneficie o ex-presidente. Os resultados mostram que 51% dos pesquisados são contra uma anistia unilateral para Bolsonaro.

Os próximos passos em relação ao projeto de anistia e sua votação na Câmara revelam a complexidade da atual política brasileira. Com partes do governo e do Legislativo em choque, o futuro deste projeto permanece incerto, demonstrando que a divisão sobre o passado recente do Brasil ainda está longe de ser superada.

A situação recalca as urgências enfrentadas por um governo que busca debater e votar pontos centrais para a sociedade, enquanto trata de contornar as tensões e divisões internas. Diante de um cenário político tão polarizado, a votação de hoje será um teste crucial sobre os rumos que a democracia brasileira poderá tomar.

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