A Sotheby’s anunciou nesta segunda-feira (15) a realização de um leilão de uma coleção de Leonard Lauder, herdeiro da Estée Lauder, avaliada em mais de US$ 400 milhões. O evento, previsto para novembro, inclui obras de artistas renomados como Gustav Klimt, Henri Matisse e Edvard Munch, consolidando a relevância da coleção de Lauder no mercado de arte internacional.
Obras de destaque na coleção Lauder
Dentre os itens presentes no acervo, destaca-se o vibrante “Retrato de Elisabeth Lederer” (1914-16), de Klimt, estimado em mais de US$ 150 milhões, representando mais de um terço do valor total. Recentemente, a obra foi emprestada à Galeria Nacional do Canadá e é um dos poucos retratos de corpo inteiro do artista ainda em mãos privadas.
Outros tesouros do leilão
O leilão também incluirá duas paisagens marcantes de Klimt: “Prado em Flor” (1908), avaliada em mais de US$ 80 milhões, e “Encosta da Floresta em Unterach” (1917), estimada em mais de US$ 70 milhões e inédita em leilões. Além disso, há uma coleção de seis esculturas em bronze de Matisse, valorizadas em cerca de US$ 30 milhões, e obras de Munch e Agnes Martin, com valores que chegam a US$ 20 milhões e US$ 10 milhões, respectivamente.
Segundo Charles Stewart, CEO da Sotheby’s, a coleção é um exemplo raro de um acervo com qualidade museológica, reunido por um colecionador que foi também um importante filantropo nas artes. “Ele é alguém que aparece uma vez a cada geração, não apenas como colecionador, mas também como filantropo”, afirmou Stewart em entrevista telefônica.
Venda e risco: o cenário do mercado de arte
O mercado de arte enfrenta uma fase de retração, resultado de incertezas econômicas e políticas, além de alta nos juros e queda na demanda de colecionadores asiáticos. Segundo o relatório mais recente da Art Basel e UBS, houve uma redução de até 12% nas vendas em 2024 e uma queda de 39% nos leilões de obras avaliadas em mais de US$ 10 milhões.
Para garantir a venda da coleção Lauder, a Sotheby’s forneceu uma garantia financeira à família, o que significa que a casa ficará responsável por obras que não atingirem o valor mínimo. Ainda assim, a estratégia visa atrair o interesse de colecionadores e reaquecer o mercado de alta valor.
Perspectivas para o setor
Analistas avaliam que a coleção Lauder pode estimular a atividade em um momento de baixa. “Se houver alguns licitantes comprometidos, dispostos a ultrapassar o preço de reserva, o leilão será um sucesso”, disse Natasha Degen, diretora do departamento de estudos do mercado de arte no Fashion Institute of Technology. Porém, questionam se a Sotheby’s lucrará ou se está realizando a venda com prejuízo para fortalecer a confiança do mercado.
Leonard Lauder, cujo acervo impulsionou também o desenvolvimento do Metropolitan Museum of Art, foi um colecionador e filantropo de destaque. Sua coleção inclui não apenas obras antológicas, mas também uma importante doação ao Met em 2013, composta por pinturas, desenhos e esculturas cubistas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão.
O impacto na história da arte e na filantropia
Lauder foi uma figura influente na história da arte, além de um importante doador ao Whitney Museum, cujo edifício, batizado em sua homenagem, foi inaugurado em 2015. A coleção que será leiloada reflete sua paixão por obras estéticas e de grande importância histórica.
O leilão, considerado uma oportunidade única de reviver o mercado de obras de alto valor, deve atrair colecionadores e investidores dispostos a investir em peças raras com procedência exemplar, elevando, por ora, o entusiasmo no setor de arte internacional.
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