No último julgamento sobre a trama golpista, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, fez duras críticas à retaliação imposta pelo governo dos Estados Unidos após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros réus. Em sessão realizada na quarta-feira, Barroso enfatizou que as medidas tomadas pelo STF foram baseadas em provas concretas, afastando as alegações de que teria havido uma “caça às bruxas”.
A defesa do julgamento baseado em evidências
Barroso, que se posicionou de forma contundente desde o início da sessão, argumentou que não houve qualquer tipo de perseguição política no julgamento do caso. “Tudo o que foi feito baseou-se em provas, evidências exibidas publicamente”, declarou, rebatendo diretamente as críticas que vieram do governo americano. O ministro destacou que a condenação é um reflexo da real situação enfrentada pelo país em relação à tentativa de golpe.
A importância das provas
Durante seu discurso, Barroso fez questão de mencionar um dos documentos que fazia parte do processo: o chamado “Punhal Verde e Amarelo”, que foi elaborado pelo general da reserva Mario Fernandes. Segundo o presidente do STF, o documento previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin, antes mesmo de assumirem os cargos. “Houve prova documentada da existência de um plano para assassinar o presidente eleito e um ministro do Supremo”, completou, ironizando a justificativa do general de que se tratava de um “pensamento digitalizado”.
Retaliações dos EUA e a posição do STF
Barroso não deixou de abordar as retaliações que o Brasil vem enfrentando após a condenação, incluindo o aumento da tarifa de produtos brasileiros e a cassação de vistos. Ele considerou essas medidas “profundamente injustas” e insistediu que a punição recai sobre a população e as empresas brasileiras, que não têm relação com a decisão judicial. “Não é justo punir os ministros que com coragem e independência cumpriram o seu papel”, afirmou.
O presidente do STF também trouxe à tona pesquisas que mostram que a maioria da população brasileira reconhece a existência da tentativa de golpe. “A ampla maioria da sociedade reconhece que houve uma tentativa de golpe e que foi importante julgar os seus responsáveis”, declarou Barroso. Essa afirmação busca reforçar a legitimidade do julgamento e a necessidade de uma resposta firme a ações golpistas.
Consequências da condenação de Bolsonaro
Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses de prisão, ainda tem o direito de recorrer antes de começar a cumprir a pena. A decisão do STF, que teve um placar de quatro votos a um, foi vista por Barroso como um “exemplo para o mundo” em termos de pluralismo e respeito à democracia. “Impossível exagerar o que isso representou para a institucionalidade brasileira”, concluiu, destacando a importância do julgamento no fortalecimento das instituições democráticas no país.
Reflexões sobre a democracia e o futuro
Ao finalizar seu raciocínio, Barroso enfatizou que a decisão do STF serve para demonstrar a resiliência da democracia brasileira. As vozes que clamam por justiça e responsabilização devem ser ouvidas, afirmou. O presidente do STF expressou confiança de que, apesar das dificuldades enfrentadas, o caminho do respeito à Constituição e à democracia está sendo pavimentado. “Acho mesmo que nós demos um bom exemplo para o mundo, inclusive de pluralismo e de diferentes visões de mundo”, disse ele, reafirmando a necessidade de um contínuo compromisso com a legalidade e a justiça no Brasil.
A condenação de Bolsonaro e o contexto em que isso acontece geram discussões intensas sobre o futuro da política brasileira. A responsabilidade com a democracia e a justiça são mais relevantes do que nunca, e o STF é visto como um bastião de proteção desses valores.