Os metalúrgicos da Embraer iniciaram uma greve na manhã desta quarta-feira, em São José dos Campos, após rejeitarem a proposta de reajuste salarial de 5,5% apresentada pela empresa e reivindicarem um aumento de 11%. A paralisação teve início em assembleia que contou com cerca de três mil trabalhadores do primeiro turno, enquanto o setor administrativo e terceirizados continuam atuando normalmente.
Reivindicações e crise na negociação
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos informou que os trabalhadores também solicitam um vale alimentação de R$ 1 mil, valor bastante superior aos atuais R$ 400, com proposta da Embraer de R$ 420. Além disso, os funcionários exigem a assinatura de uma nova convenção coletiva que garanta maior estabilidade no emprego, evitando a redução de benefícios em caso de doenças ou acidentes de trabalho.
Segundo o sindicato, a empresa propõe diminuir o período de estabilidade, atualmente garantida até a aposentadoria, para 21 meses em casos de doença e 60 meses em acidentes. A entidade critica a postura da Embraer, afirmando que a greve evidencia a insatisfação dos trabalhadores com a política salarial e de estabilidade da companhia.
Negociações em andamento e posição da Embraer
Em nota, a Embraer afirmou respeitar os direitos dos colaboradores e criticou a paralisação, alegando que as negociações estão em andamento junto à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A companhia destacou que apresenta uma nova proposta de reajuste salarial de 5,5%, acima da inflação, além de um aumento de 12,5% no vale alimentação para quem ganha até R$ 11 mil.
A Embraer também informou que, enquanto as negociações seguem, todas as demais unidades no país funcionam normalmente. Segundo a empresa, as discussões continuam com todos os sindicatos representativos dos seus colaboradores em São Paulo.
Fase positiva no mercado e perspectivas futuras
Apesar do conflito trabalhista, a Embraer vive um momento financeiro favorável. Na semana passada, anunciou a venda de 50 jatos E195-E2 por US$ 4,4 bilhões para a Avelo Airlines, nos Estados Unidos, com possibilidade de ampliar o pedido para mais 50 aeronaves — totalizando US$ 8,8 bilhões. A fabricante brasileira também trabalha para obter tarifa zero nos Estados Unidos, onde já aplica uma tarifa de 10%, depois de evitar o adicional de 40% imposto por Trump.
Além disso, a Embraer investirá US$ 500 milhões na construção de uma fábrica para montagem do KC-390, caso consiga vender o avião à Força Aérea americana. A empresa também anunciou uma ampliação de sua unidade em Melbourne, na Flórida, para produzir jatos executivos como Phenom e Legacy, reforçando sua presença no mercado internacional.
De acordo com analistas, a fase atual do mercado favorece a recuperação financeira da Embraer, que se destaca pela alta de 55% no valor de suas ações nos últimos 12 meses e avanço de 30% neste ano.
Mais detalhes sobre a greve e as negociações podem ser conferidos na matéria completa no O Globo.