O VIII Congresso de Astana, que ocorre de 17 a 18 de setembro, é palco de um importante diálogo inter-religioso, reforçado pelas palavras do Papa Leão XIV. Em sua mensagem, o Pontífice destaca que a união dos líderes religiosos representa um poderoso testemunho de que a fé tem o potencial de unir mais do que dividir. Em meio a um mundo repleto de desafios, Leão XIV enfatiza a necessidade de trabalhar em conjunto em defesa dos mais vulneráveis e da dignidade humana.
A religião como plataforma de cura e reconciliação
Dirigindo-se aos participantes do Congresso, o Papa citou o tema do encontro, “Diálogo das Religiões: Sinergia para o Futuro”, ressaltando que a verdadeira essência da religião deve ser uma fonte de cura e reconciliação. Ele observou que essa sinergia surge como um sinal de esperança em tempos de conflito, destacando a responsabilidade coletiva de líderes religiosos na promoção da paz.
Em momentos em que a violência torna-se uma questão premente, a colaboração entre diferentes tradições religiosas é fundamental. Ambos os objetivos do congresso – renovar laços de amizade e estabelecer novas conexões – apontam para a necessidade de um esforço conjunto em prol do bem comum e da restauração dos laços sociais. Leão XIV convida os líderes a servirem lado a lado e a falarem em uma só voz sempre que a dignidade humana estiver em risco.
Solidariedade e interdependência
O Papa Leão XIV enfatiza a sinergia como uma forma de solidariedade prática, manifestando a convicção de que todos somos responsáveis uns pelos outros. A citação de São João Paulo II na Encíclica “Sollicitudo Rei Socialis” é uma clara referência à importância dessa solidariedade em um mundo marcado por divisões.
Segundo Leão XIV, essa consciência compartilhada deve moldar nossas ações e busca por harmonia. “Trabalhar juntos”, afirma, é não apenas uma necessidade prática, mas também um reflexo da ordem profunda da realidade em que vivemos. Todos os seres humanos são membros de uma única família, e a colaboração inter-religiosa é vital nesse aspecto.
A diversidade como riqueza
O Papa lembra que a colaboração entre diferentes religiões não busca eliminar as divergências, mas, ao contrário, acolher e valorizar a diversidade como uma fonte de enriquecimento mútuo. A Igreja Católica, conforme registrado na declaração conciliar “Nostra Aetate”, reconhece o que é “verdadeiro e santo” em outras religiões, buscando com isso promover um diálogo frutífero que beneficie a sociedade.
Leão XIV aponta que cada fé tem sua própria sabedoria e compaixão a oferecer, contribuindo para um esforço coletivo pelo bem comum. Essa colaboração apresenta uma resposta rica e diversa às necessidades e carências do mundo contemporâneo.
Histórico de encontros inter-religiosos
O Papa ainda menciona encontros significativos no passado, como o histórico encontro em Assis em 1986, convocado por João Paulo II, que demonstrou que não pode haver paz entre as nações sem paz entre as religiões. O Documento sobre a Fraternidade Humana, assinado em Abu Dhabi em 2019, também é destacado como uma conquista importante na promoção da paz e da coexistência.
Esses eventos e compromissos culminam em ações concretas em momentos de crises, como desastres naturais e a situação de refugiados, onde comunidades de fé se unem para oferecer alívio e esperança àqueles que mais precisam.
O futuro como um esforço coletivo
Concluindo sua mensagem, o Papa Leão XIV convida todos a se comprometerem com um futuro de paz, fraternidade e solidariedade. Ele afirma que a realização desse sonho requer o empenho conjunto de todos, e que, com a bênção divina, esses esforços possam gerar frutos abundantes para o bem de todos os povos.
O VIII Congresso de Astana se afirma como um espaço de reflexão e ação, no qual líderes de diferentes religiões se reúnem em torno de um objetivo comum: promover o diálogo e a harmonia em um mundo que pede por mudanças e compaixão.