O Intercolegial, uma das mais tradicionais competições esportivas escolares do Brasil, ganhou uma importante novidade em 2023: a inclusão de uma categoria dedicada a atletas com deficiência. A estreia da categoria inclusiva ocorreu no último domingo (14) e contou com a participação de seis jovens judocas, como parte do projeto “Ippon nos Obstáculos”, desenvolvido pela ONG Urece Esporte e Cultura, em parceria com a Shell. A iniciativa é um marco na luta pela inclusão e acesso ao esporte, reafirmando que todos merecem a oportunidade de competir e se destacar.
Um passo à frente na inclusão
Ao contrário do que se vê nos Jogos Paralímpicos, onde apenas atletas com deficiências visuais têm a oportunidade de competir no judô, o Intercolegial abriu suas portas para jovens com várias condições, incluindo autismo, deficiência intelectual, síndrome de Down e baixa visão. Essa mudança traz uma nova dinâmica para a competição, permitindo que mais jovens possam vivenciar a emoção do esporte.
A professora Stephanie dos Santos Miranda, uma das diretoras do projeto, expressou seu entusiasmo pela participação dos alunos. “Essa é a primeira vez que nossos judocas participam do Intercolegial. Eles ficaram empolgados com a chance de competir e ainda voltaram com medalhas”, comentou. Para ela, a experiência não só proporcionou uma oportunidade de competição real, mas também ampliou o sentimento de pertencimento entre os alunos.
Impacto emocional para os atletas e suas famílias
A estreia da categoria inclusiva no Intercolegial foi uma experiência emocionante não apenas para os atletas, mas também para seus familiares e professores. A educadora destacou sua própria vivência na competição durante a adolescência e a satisfação de ver seus alunos desfrutarem dessa oportunidade. “É especial participar do Intercolegial, e eu sabia que eles iam amar. Eles voltaram para casa com o sentimento de conquista”, afirmou.
Além de Stephanie, Vanessa Dias, outra diretora da ONG, ressaltou o impacto transformador da competição. Para ela, a inclusão de jovens com diferentes tipos de deficiência representa uma vitória significativa. “Na paralímpica escolar, só os deficientes visuais têm vez. Isso desestimula muitos jovens,” disse. “Aqui, eles puderam sentir o calor da torcida e a emoção de lutar de verdade. Foi maravilhoso para todos nós.”
Transformação através do esporte
A participação no judô trouxe avanços notáveis para os jovens atletas. Sandra Ribeiro, mãe de Felipe, um dos competidores de 14 anos, mencionou como o judô impactou positivamente a vida de seu filho. “O judô ajuda muito na rotina, na disciplina e até na escola. Ele consegue se concentrar melhor, controlar as emoções e ter mais segurança,” contou Sandra, emocionada ao ver o filho conquistar sua primeira medalha no judô.
Felipe também compartilhava seu entusiasmo sobre a conquista e a importância do esporte em sua vida. “Estou muito emocionado por ganhar essa medalha. O judô é algo que me faz bem e me dá confiança. Quero continuar aprendendo, treinando e, no futuro, me vejo na faculdade de Engenharia e também competindo como atleta,” disse o jovem, revelando seus sonhos e esperanças de futuro.
O futuro da inclusão nas competições escolares
A inclusão da categoria para atletas com deficiência no Intercolegial é um passo significativo na construção de um ambiente esportivo mais acessível e igualitário. A competição não só proporciona uma plataforma para que jovens com deficiência possam se destacar, mas também ajuda a quebrar barreiras e preconceitos. O evento é um lembrete de que o esporte é, de fato, um espaço para todos, valorizando a diversidade e promovendo a empatia.
As testemunhas do evento, entre familiares, professores e apoiadores, saem com a certeza de que ações como esta são fundamentais para a construção de um futuro mais inclusivo. Com um ambiente mais acolhedor e oportunidades ampliadas, espera-se que cada vez mais jovens possam ser estimulados a praticar esportes e a se expressar, independentemente de suas dificuldades.
O Intercolegial se reafirma, assim, como um espaço onde a superação e a inclusão são celebradas, mostrando que, juntos, podemos construir um mundo mais justo e compreensivo através do esporte.