Nesta quarta-feira (17), o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, anunciou a primeira redução na taxa de juros do país em 2025, de 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 4% e 4,25%. A decisão marca o início de um ciclo de flexibilização monetária após cinco encontros consecutivos de manutenção dos juros e ocorre sob forte influência da desaceleração do mercado de trabalho americano e sinais de desacordo interno no comitê de Política Monetária.
Impactos no mercado e na política global
Após o anúncio, o dólar no Brasil passou a cair, operando ao redor de R$ 5,27, revertendo uma leve alta anterior. A decisão do Fed, considerada uma mudança significativa, reforça as apostas de uma possível desaceleração constante na alta dos juros nos Estados Unidos, influenciando o fluxo de capitais e o câmbio brasileiro.
Segundo o gráfico FedWatch, o mercado financeiro atribui uma probabilidade de 93,8% para um novo corte de 0,25 ponto percentual na próxima reunião, prevista para dezembro. A estratégia de corte acompanha projeções da mediana das previsões do próprio Fed, que indicam mais dois ajustes até o final do ano, totalizando uma redução de 0,5 ponto percentual.
Discrepâncias internas e fatores decisivos
O comitê de política monetária mostrou-se dividido na decisão. O novo diretor indicado por Donald Trump, Stephen Miran, votou a favor do corte maior de 0,5 ponto percentual, contrariando onze membros que preferiram o ajuste menor. A divergência reflete as complexidades enfrentadas pelo Fed diante de um cenário de inflação ainda acima da meta de 2%, registrada em 2,6%, e sinais de desaceleração do mercado de trabalho, que teve uma revisão para menos empregos criados até março, de 1,8 milhão para 911 mil.
Riscos e projeções econômicas
O comunicado do Fed destacou que a taxa de desemprego “aumentou ligeiramente, mas permanece baixa”, e alertou para o aumento dos riscos negativos ao emprego. Apesar da inflação estar acima do desejado, os sinais de desaceleração econômica pesaram na decisão de corte, refletindo uma tentativa de equilibrar crescimento e controle inflacionário.
Reações e contexto político
Em um momento de tensão política, Donald Trump manifestou irritação com o presidente do Fed, Jerome Powell, chamando-o de “atrasado” em publicações na rede social Truth Social. Além disso, Trump tenta movimentar a saída da diretora Lisa Cook, sob suspeitas de fraude hipotecária relacionadas à compra de uma residência antes de assumir o cargo. O banco central, no entanto, mantém suas decisões de forma independente e conta com o voto de Cook, mantida por decisão judicial, além de Miran, aprovado pelo Senado na última segunda-feira.
Repercussões internacionais e brasileiras
O movimento do Fed influencia o valor do dólar, impactando moedas e investimentos globais. Uma redução nas taxas de juros americanas costuma diminuir a atratividade de aplicações em dólar, levando a uma busca por ativos de maior risco, como ações, além de favorecer operações de carry trade, com empréstimos em economias de juros mais altos, como o Brasil. Como a taxa brasileira está atualmente em 15%, o maior patamar em duas décadas, a entrada de dólares no país tem contribuído para a desvalorização do real, que fechou ontem abaixo dos R$ 5,30.
Especialistas avaliam que a decisão do Fed, ainda que marcada por divergências internas, sinaliza uma política de acomodação monetária que deve afetar o fluxo de capitais globais e as estratégias de investidores no Brasil e no mundo.
Mais detalhes sobre a decisão e suas implicações podem ser acompanhados na cobertura ao vivo do Globo Economia.
Para entender como a decisão americana influencia o cenário brasileiro, confira também o artigo impacto da redução de juros nos EUA para o Brasil.