No dia 5 de agosto de 2022, o piloto Edison dos Santos Mendes Alves e o copiloto João Augusto Tremeschin, de Ribeirão Preto (SP), perderam a vida em um trágico acidente de helicóptero na Grande São Paulo. Três anos após essa fatalidade, a família de Tremeschin pede mudanças urgentes nas normas que regulam a aviação privada do Brasil, após revelações preocupantes sobre as condições de saúde do piloto responsável pelo voo.
A queda do helicóptero e suas consequências
A aeronave, que partiu de São Paulo com destino à Extrema (MG), caiu em meio à vegetação do Parque Taipas. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) apontou que, embora a presença de substâncias psicoativas no corpo de Edison tenha contribuído para o acidente, não foram feitas recomendações específicas. Isso levanta questionamentos sobre a responsabilidade das autoridades na prevenção de tragédias semelhantes.
Informações preocupantes sobre o piloto
O laudo necroscópico revelou que Edison tinha cocaína e ansiolíticos no organismo, além de ter enfrentado um quadro de depressão. Tânia Veiga Hjertquist, mãe de João Augusto, expressou sua indignação: “O piloto estava doente e não tinha condições de comandar um helicóptero. Não é aceitável que as autoridades não aprendam com essa tragédia.” A preocupação da família se baseia na falta de rigidez nas regras da aviação privada em comparação com a aviação comercial, onde os testes toxicológicos são obrigatórios.
Reação e discursos em busca de mudança
O advogado Samy Garson, que representa a família de Tremeschin, explica que a presença do copiloto era uma exigência do cliente e que João Augusto sempre se mostrou cuidadoso com segurança. “A norma atual permite situações que podem ser prejudiciais”, declara Garson. A Majam Participações, responsável pela operação do helicóptero, não se posicionou sobre as acusões, mas menciona que a aeronave estava sujeita apenas ao regulamento RBAC 91.
Investigações e a busca por justiça
As investigações iniciais não encontraram culpados pelo acidente, mas o laudo toxicológico apontou a presença de substâncias proibidas na aviação. A família alega que a Majam sabia do estado emocional do piloto e ainda assim permitiu que ele operasse a aeronave. “É um absurdo que, mesmo após a tragédia, não haja um compromisso claro das autoridades em revisar as normas existentes”, reclama Tânia.
Relatório do Cenipa: críticas e decepções
O relatório mais recente do Cenipa, divulgado recentemente, mencionou a influência de fatores emocionais e o uso de substâncias psicoativas, mas não fez recomendações claras para a Anac sobre como evitar acidentes semelhantes no futuro. “É desanimador ver que um órgão que deveria priorizar a segurança não propôs mudanças que poderiam salvar vidas”, expressou Tânia.
Um chamado à ação
Os familiares de João Augusto e Edison estão em busca de uma mudança significativa nas regras de segurança da aviação privada. Eles destacam que a tragédia deve servir de exemplo para que novos padrões de segurança sejam estabelecidos e que a saúde mental dos pilotos seja uma prioridade. “Precisamos de regulamentos que garantam que os pilotos estejam em condições adequadas para voar. A vida das pessoas depende disso”, conclui Garson.
A sociedade e as autoridades devem se unir para evitar que novas tragédias ocorram, garantindo que os pilotos que operam aeronaves tenham um acompanhamento rigoroso, tanto em relação à saúde física quanto à saúde mental.