Eduardo Paes, atual prefeito da cidade do Rio de Janeiro, não esconde mais sua intenção de deixar o cargo para tentar uma vez mais a governança do estado. O futuro ex-prefeito já garantiu o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do Partido dos Trabalhadores, mas agora, em uma estratégia ousada, busca também se aproximar do eleitorado bolsonarista.
A visita ao culto de Silas Malafaia
No último domingo, Paes participou de um culto na igreja do pastor Silas Malafaia, um conhecido aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em um momento de descontração, ele subiu ao púlpito e declarou: “O Silas Malafaia me ama, gente. Ele ama todo mundo, mas me ama especialmente”, numa demonstração de sua vontade de agradar ao líder religioso e seus seguidores. Durante seu discurso, Paes fez questão de mencionar os “20 anos de amizade” com o pastor, enfatizando a importância dessa relação em sua estratégia política.
Defesa do pastor e lealdade política
Ao lado de Malafaia, o prefeito declarou sua lealdade ao pastor, assegurando que “mexeu com Silas Malafaia, mexeu comigo”. A frase, embora popular, revela uma jogada arriscada no cenário político atual. Afinal, o pastor está sob investigação da Polícia Federal por suas ligações com disparos de desinformação e incitação de ódio, especialmente contra ministros do Supremo Tribunal Federal. Recentemente, Malafaia teve que entregar seu celular e passaporte em meio a estas investigações, algo que pode manchar a imagem de seus apoiadores.
Controvérsias e desafios políticos
Silas Malafaia não é apenas um pastor, mas uma figura polêmica, especialmente em sua retórica agressiva contra a esquerda e as instituições. Durante sua participação na celebração do 7 de Setembro, ele fez diversos ataques, chamando ministros do STF de “ditadores” e criticando a polícia. A proximidade de Paes com Malafaia pode ser vista como um caminho para conquistar votos em um estado onde cerca de 32% da população se identifica como evangélica.
Investimentos em turismo religioso
Além de buscar aliança com figuras como Malafaia, Eduardo Paes tem demonstrado um investimento significativo em projetos que atraem o eleitorado evangélico. Este ano, ele destinou R$ 1,9 milhão à “Marcha Para Jesus” e anunciou a construção de um parque temático bíblico na Zona Oeste do Rio, visando fomentar o turismo religioso. Tais movimentos têm o objetivo de estreitar laços com líderes religiosos e suas comunidades, o que pode se transformar em suporte nas urnas.
A trajetória política de Eduardo Paes
A história política de Eduardo Paes é marcada por diversas reviravoltas. Ele já esteve em oito partidos diferentes e passou por muitas mudanças ideológicas, o que o levou a ser considerado inconsistente em suas posições. Ele já criticou Lula em momentos passados, chamando-o de “chefe da quadrilha”, mas agora se apresenta como um fervoroso apoiador do ex-presidente. Críticos afirmam que sua nova postura é uma tentativa de consolidar uma base eleitoral mais ampla e segura, mas questionam sua sinceridade e coerência.
O que vem a seguir?
Com a proximidade das eleições, a manobra de Eduardo Paes para captar votos do eleitorado bolsonarista, enquanto ainda mantém laços com as bases petistas, pode ser tanto uma estratégia arriscada quanto promissora. A capacidade de navegar entre essas duas forças políticas vai definir seu futuro na política carioca e suas chances de estabelecer uma nova liderança no governo do estado do Rio de Janeiro.
Ainda é incerto se essa abordagem será eficaz para Paes. À medida que o cenário político brasileiro continua a evoluir e as tensões entre diferentes grupos se acirram, a habilidade dele em alinhar-se a essas facções e manter sua relevância será testada nas próximas eleições.