O Banco Central reafirmou nesta quinta-feira (25) a manutenção da taxa básica de juros em 15%, sinalizando que o corte ainda deve acontecer somente no primeiro trimestre de 2026, apesar das condições econômicas e cambiais mais favoráveis. A decisão reforça o cenário de cautela e a avaliação de que a inflação ainda necessita de controle rigoroso.
janela de corte em 2026 ganha força
Segundo a economista Miriam Leitão, que concedeu entrevista ao O Globo, o BC não revisou para baixo as projeções de inflação para 2027, que permanecem em 3,4%, mesmo com o câmbio mais favorável. Isso indica que o cenário de redução da Selic em dezembro ou no início de 2026 perde força, consolidando a expectativa de que o início do ciclo de cortes ocorrerá somente no primeiro trimestre do próximo ano.
Comunicado reflexo de postura cautelosa
O comunicado do Copom trouxe poucas mudanças, destacando a continuidade de uma avaliação de cenário bastante semelhante à da reunião anterior. Apesar da valorização cambial, o dólar caiu de R$ 5,55 na última reunião para R$ 5,40 nesta, e a melhora do cenário externo também influenciou essa estabilidade. A twista do BC demonstra preocupação com a evolução da atividade econômica e a necessidade de observar se a Selic está suficiente para conter a inflação.
Projeções e revisão do hiato do produto
O BC manteve a projeção de inflação de 3,4% para o primeiro trimestre de 2027, mesmo após a valorização cambial ter pressionado para baixo as estimativas. Analistas sugerem que uma possível revisão do hiato do produto, que mede a diferença entre o PIB efetivo e o potencial, pode ter influenciado essa decisão. Se o hiato estiver menos desinflacionário do que antes, o BC tende a adiar cortes na taxa de juros.
Impacto no mercado e estratégias futuras
De acordo com especialistas, o cenário externo mais benigno e o mercado de trabalho resiliente, evidenciado pela alta no emprego formal, contribuíram para a estabilidade desejada pelo BC. A expectativa é que o país siga adotando postura contracionista, o que favorece a valorização do real e gera condições mais propícias para eventuais cortes em 2026.
Especulações sobre o corte em dezembro
Apesar de alguns analistas apostarem em uma redução de juros já em dezembro, o comunicado de hoje reforça a postura conservadora do BC. A probabilidade de o corte ocorrer neste final de ano diminuiu e a preferência se consolida por um início em 2026, caso o cenário externo continue favorável e a inflação continue sob controle.
Perspectivas futuras
O presidente do Fed, banco central dos Estados Unidos, sinalizou que continuará a dar prioridade ao mercado de trabalho, deixando de lado o recuo na inflação. Essa postura mantém uma diferença clara entre os esforços de política monetária dos dois países, o que tende a valorizar o real frente ao dólar. Com isso, a tendência é de que o dólar permaneça em patamar mais baixo, fortalecendo o cenário para o real.
Para acompanhar a trajetória futura, o mercado aguarda a ata da próxima reunião do BC, que deve esclarecer melhor as revisões na avaliação do cenário econômico, além de possíveis ajustes na projeção de inflação e na postura da política monetária.
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