No início do VIII Congresso dos Líderes das Religiões Mundiais e Tradicionais, realizado em Astana, Cazaquistão, o cardeal George Jacob Koovakad, prefeito do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso, fez um apelo contundente a líderes espirituais sobre a importância da colaboração entre diferentes religiões. Ele enfatizou que, em tempos de crises sociais e ambientais, a união entre as tradições religiosas é não apenas desejável, mas essencial para a salvação da humanidade.
A crise da humanidade
Em seu discurso inaugural, o cardeal Koovakad abordou a situação crítica que o mundo enfrenta, caracterizada por conflitos, guerras, desastres naturais e uma crescente sensação de desesperança. Ele alertou que, em meio a essas dificuldades, o multiculturalismo e as organizações globais parecem estar perdendo força, o que agrava ainda mais a crise. “Estamos vivendo tempos difíceis, onde a responsabilidade de cada um de nós como líderes espirituais se torna ainda mais relevante”, declarou.
Diálogo: uma necessidade imperativa
O congresso reúne cerca de 100 delegações de aproximadamente 60 países, incluindo líderes de diversas tradições religiosas como o cristianismo, islamismo, budismo, judaísmo, hinduísmo e outras. O cardeal tributou a importância do “diálogo vertical” com Deus como um meio de inspiração para uma nova visão de esperança. “Não há esperança sem Deus, que é a verdade suprema”, afirmou, recordando que as tradições religiosas contêm valores que podem guiar a humanidade em tempos sombrios.
O desenvolvimento como condição de paz
Durante o congresso, o cardeal propôs três pilares essenciais para a construção da paz. O primeiro deles é o desenvolvimento social, econômico, espiritual e cultural, que deve ser universal e equitativo, permitindo que todas as pessoas vivam com dignidade. Ele citou a encíclica Popolorum Progressio de Paulo VI, argumentando que “o desenvolvimento é o novo nome da paz”. Segundo Koovakad, este desenvolvimento deve envolver não apenas a criação de recursos, mas também o acesso equitativo a eles.
União e interdependência
O segundo fator destacado pelo cardeal foi a inter-relação entre as religiões e a importância da unidade. “Não nos salvamos sozinhos; estamos interligados e interdependentes”, disse, citando o Papa Francisco e sua visão de humanidade como uma única família. Para ele, essa interdependência reforça a necessidade de cooperação entre as diferentes tradições religiosas, que devem trabalhar unidas para enfrentar desafios comuns.
Um sinal de esperança
À medida que o congresso avança, o cardeal Koovakad finalizou seu discurso enfatizando que, apesar das adversidades, a simples realização do evento em Astana representa um sinal de esperança. Ele mencionou o chamado do Papa Leão XIV aos participantes de eventos de diálogo inter-religioso: “Permaneçamos unidos contra as forças da divisão, do ódio e da violência”. Esta mensagem, reafirmada no contexto atual, mostra que a cooperação entre os líderes espirituais é mais necessária do que nunca.
Assim, o VIII Congresso dos Líderes das Religiões Mundiais e Tradicionais não é apenas um evento de diálogos; é um apelo à ação, um clamor por responsabilidade coletiva e testemunho daqueles que têm a missão de guiar suas comunidades em tempos desafiadores. Em um mundo mais polarizado do que nunca, as vozes da paz e da fraternidade devem ressoar ainda mais forte.
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