O BTG Pactual tem consolidado sua trajetória de crescimento através de aquisições e diversificação de negócios, com destaque para o fortalecimento no mercado latino-americano e internacional. Em 2025, o banco protagonizou uma série de operações que reforçam sua presença e potencial de lucratividade, impulsionado por uma estratégia que combina crescimento orgânico e aquisições segmentadas.
A evolução do modelo de negócios do BTG
Há uma década, o banco tinha suas receitas majoritariamente centradas em vendas, negociações e operações de trading. Desde então, sob a liderança de André Esteves, a instituição vem diversificando suas fontes de receita — incluindo crédito corporativo, gestão de ativos e wealth management. Segundo Sallouti, presidente do banco, essa mudança torna as receitas mais estáveis e sustentáveis.
Incremento nas receitas e expansão de crédito
Hoje, o crédito corporativo sozinho soma R$ 7,6 bilhões — um recorde na história do banco, que há um ano superou vendas e negociações. Além disso, os recursos de terceiros sob gestão mais que quintuplicaram, enquanto as fortunas sob gestão dobraram, conforme dados recentes do banco. Essas áreas representam agora quase um quarto da receita total do BTG, ilustrando a mudança de seu perfil para fontes mais resilientes.
Investimentos estratégicos e novas fronteiras internacionais
Para reforçar sua atuação global, o BTG investiu em aquisições fora da América do Sul. Em julho de 2025, fechou a compra da unidade do HSBC no Uruguai por US$ 175 milhões, ampliando sua presença na região. Além disso, adquiriu a fintech de pagamentos Justa e a gestora de recursos Greytown Advisors, com presença nos Estados Unidos e expertise em clientes ultra ricos na América Central.
“Vamos continuar investindo em tecnologia nos bancos e expandir na Argentina e no México”, afirmou Sallouti na última entrevista. Ele destacou também que os efeitos dessas aquisições ainda não aparecem integralmente no balanço, mas que o potencial de crescimento é significativo.
Reforço na atuação de empréstimos e serviços para clientes corporativos e de alta renda
O banco criou um novo setor de empréstimos sindicalizados, liderado por Ernesto Meyer, que já realizou negócios como o empréstimo de US$ 2 bilhões para o Grupo Nutresa, da Colômbia. As operações de pequenas e médias empresas atingiram R$ 28,7 bilhões em junho de 2025, uma alta de 22% em relação ao ano anterior, totalizando cerca de R$ 267,6 bilhões em carteira de crédito.
Por outro lado, o banco mantém uma forte presença em serviços de assessoria financeira, gestão de fortunas e produtos de varejo. Desde 2016, o BTG criou uma rede de assessores de investimentos independentes, que hoje soma cerca de 170 escritórios no Brasil, além de uma plataforma digital para investidores pessoa física.
Desafios e riscos à sustentabilidade do crescimento
Apesar do otimismo, analistas e especialistas alertam para possíveis riscos na manutenção do ritmo de crescimento, especialmente diante da desaceleração econômica e das tensões geopolíticas. Murilo Arruda, da Morada Capital, alerta que o banco precisa ser transparente quanto às operações de trading, enquanto a Goldman Sachs destaca preocupações sobre a complexidade da estrutura acionária do BTG.
Sobre o desempenho financeiro, Sallouti confia na capacidade do banco de entregar um retorno sobre o patrimônio acima de 24%, mesmo em cenário desafiador, como a guerra comercial entre China e EUA e as tarifas protecionistas do governo americano.
Aėticas das recentes aquisições e novos negócios
Desde 2024, o BTG realizou aquisições importantes, incluindo a unidade do HSBC no Uruguai, fintechs e fundos de investimento, além de ampliar sua atuação na América Central e nos Estados Unidos. Essas operações, que envolvem valores variáveis e sigilo, reforçam a estratégia de busca por escala, diversificação geográfica e expansão de produtos.
“Fazemos essas aquisições com foco no retorno e na disciplina financeira, buscando ganhar escala em negócios prioritários ou explorar novas regiões”, afirma Sallouti. Ele reforça que o banco continuará investindo em tecnologia, inovação e na entrada em novos mercados conforme as oportunidades surgirem.
O BTG ainda possui um longo caminho a percorrer para atingir totalmente suas ambições de ser maior que o Itaú, mas já ocupa o segundo lugar em valor de mercado na América Latina e projeta continuar crescendo de forma sustentada nos próximos anos, mesmo em um cenário de incertezas globais.
Fonte: O Globo