Nos últimos anos, a circuncisão entre meninos recém-nascidos nos Estados Unidos tem enfrentado uma drástica queda, desafiando as orientações de saúde que defendem o procedimento. Pesquisa realizada por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins revelou que a taxa de circuncisão caiu de 54,1% em 2012 para 49,3% em 2022, conforme evidenciado por mais de 1,5 milhão de registros hospitalares analisados.
A importância da circuncisão segundo as organizações de saúde
Apesar de órgãos de saúde como a Organização Mundial da Saúde e a Academia Americana de Pediatria defenderem o acesso à circuncisão, destacando os benefícios relacionados à prevenção de infecções do trato urinário e melhorias na saúde sexual, a adesão ao procedimento tem caído. Recomendações de 2007, 2012 e 2018 reforçaram sua importância, mas a realidade prática tem mostrado um desvio preocupante dessas orientações.
Desigualdade racial na circuncisão
As tendências de circuncisão variaram consideravelmente entre diferentes grupos étnicos. A reportagem mostra que, entre bebês brancos, a circuncisão foi realizada em 61% dos casos em 2012, aumentando para um pico de 65,3% em 2019, mas caindo para 60% em 2022. Ao passo que as famílias negras mantiveram uma taxa estável de cerca de 66%, as hispânicas apresentaram a menor taxa, em torno de 21%.
As regiões geográficas também mostraram diferença. No Meio-Oeste, os hospitais registraram a maior taxa de circuncisão em 2022, com 68,5%, enquanto o Oeste viu apenas 19,7% de taxas entre recém-nascidos. Entre os brancos no Oeste, a taxa caiu de 34,3% em 2012 para 26,2% em 2022.
Influência da renda e do seguro na decisão
Estudos também indicam que a renda familiar e o tipo de cobertura de seguro influenciam as decisões sobre a circuncisão. Famílias em áreas de maior renda relataram taxas mais altas, iniciando com 59,4% em 2012, mas caindo para 51,1% em 2022. Já famílias com cobertura de seguro privado apresentaram a maior taxa inicial, de 64,2%, que despencou para 56,3%. Em contrapartida, as famílias beneficiadas pelo Medicaid apresentaram mudanças menores, com taxas de circuncisão declinando de 44,5% para 42,3% durante o mesmo período.
A mudança de atitudes culturais em relação à circuncisão
A análise sugere que um aumento no ceticismo em relação às recomendações médicas e o crescimento contínuo da população hispânica têm contribuído para a queda nas taxas de circuncisão. Embora a Academia Americana de Pediatria afirme que os benefícios para a saúde superam os riscos, os pais são incentivados a tomar a decisão final. O estudo destaca que, à medida que as atitudes culturais evoluem, a confiança nas instituições de saúde diminui, resultando em decisões mais cautelosas em relação ao procedimento.
Reflexões sobre tendências e saúde pública
Entre 2012 e 2022, as organizações médicas ofereceram algumas das suas recomendações mais claras sobre os benefícios da circuncisão, mas muitos pais decidiram optar pelo procedimento com menos frequência. Isso ilustra uma desconexão entre as diretrizes institucionais e as escolhas das famílias, revelando que as decisões de saúde muitas vezes são influenciadas por fatores demográficos, culturais e um questionamento sobre a confiança nas recomendações médicas.
Conforme a pesquisa, publicada na JAMA Pediatrics, essa tendência também reflete um panorama onde a saúde pública é afetada não somente pela ciência, mas por percepções socialmente construídas sobre cuidados médicos e práticas de saúde. À medida que essa dinâmica evolui, é crucial que as organizações de saúde ouçam as preocupações dos pais e ajustem suas abordagens para melhorar tanto a aceitação quanto a prática da circuncisão, quando recomendada.
Disclaimer: Este artigo é para fins informativos e não deve ser interpretado como aconselhamento médico. Pais devem consultar profissionais de saúde ao tomar decisões sobre a circuncisão ou outros procedimentos.
