A Polícia Civil do Rio de Janeiro desencadeou, nesta terça-feira, a Operação São Francisco, considerada “a maior operação da história do Brasil” no combate ao tráfico de animais silvestres. Durante a ação, foram presos 47 suspeitos e mais de 800 animais resgatados. A investigação revelou diálogos que expõem a gravidade da situação, indicativos de que os criminosos estavam até negociando onças.
Operação revela a crueldade do tráfico
Durante a operação, a polícia encontrou diálogos em que criminosos discutiam a venda de animais exóticos como onças e macacos. Em uma gravação, um criminoso mencionou ter vendido uma onça para a esposa de um miliciano, que acabou desistindo do negócio, afirmando que a onça que foi vendida não era a que foi prometida. Os áudios mostram que a venda de macacos era igualmente comum, com animais sendo enviados para diferentes partes do Brasil, como São Paulo e o Complexo do Alemão.
Resultados da operação
A operação envolveu a participação de cerca de mil agentes, que cumpriram 45 mandados de prisão e 275 de busca e apreensão, abrangendo não apenas o estado do Rio de Janeiro, mas também São Paulo e Minas Gerais. Durante a execução, dois indivíduos foram baleados: um suspeito está internado em estado grave, enquanto uma policial civil foi ferida na perna e está em estado estável.
Investigação aprofundada
Um dos alvos da operação foi o ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como “TH Joias”, que já estava preso em outra investigação e foi acusado de ter comprado quatro macacos. O delegado André Prates, responsável pela investigação, revelou que foram identificados 145 envolvidos no tráfico de animais, e que 45 mandados de prisão foram emitidos por organização criminosa.
Redução da fauna silvestre
Os investigadores descobriram que um núcleo criminoso “especializado” em primatas estava operando ativamente, realizando caçadas, dopagens e comercialização ilegal de macacos retirados de seu habitat natural, principalmente na Floresta da Tijuca. Secretário estadual de Meio Ambiente, Bernardo Rossi, apontou que esses crimes estão resultando em uma enorme crueldade, com 60% dos animais retirados chegando mortos aos mercados clandestinos.
A estrutura do crime organizado
A organização criminosa se estruturou em diversos segmentos: os “mateiros”, que capturavam os animais; os “atravessadores”, que transportavam os bichos; e os “falsificadores”, que criavam documentos falsos para legalizar a origem dos animais. Também foi identificado um núcleo de armamento que fornecia armas para proteger as atividades ilegais e consumidores que alimentavam esse mercado clandestino.
Relação com o tráfico de drogas
A investigação revelou que o tráfico de animais silvestres está intrinsecamente ligado ao tráfico de drogas, com feiras clandestinas em locais como Pavuna e Duque de Caxias funcionando como pontos de venda. O delegado André Prates destacou que o grupo identificado também estava ligado ao tráfico de drogas, fornecendo armamento em larga escala, sendo um dos membros identificado como um latrocida contumaz.
Parceria para a recuperação dos animais
Com o brilhante trabalho da polícia e do Ministério Público, uma base foi instalada na Cidade da Polícia para receber os animais resgatados, que receberão cuidados veterinários por profissionais voluntários e passarão por uma avaliação antes de serem transferidos para centros de triagem. O objetivo final é a reintrodução dos bichos em seus habitats naturais.
A defensoria do ex-deputado “TH Joias” afirmou que ainda não teve acesso completo aos autos da investigação e, portanto, não pode comentar detalhadamente sobre o caso. No entanto, a magnitude da operação e o número de animais resgatados mostram a gravidade desta questão na sociedade e a importância do combate efetivo ao tráfico de animais silvestres no Brasil.
