Brasil, 16 de setembro de 2025
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Petrobras planeja retomar distribuição de gás de cozinha no Brasil

Aprovada em agosto, a estratégia da Petrobras para o mercado de GLP pode influenciar preços e a competição no setor

Após aprovação em agosto pelo conselho de administração, a Petrobras estuda o retorno ao mercado de distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP), conhecido como gás de cozinha ou botijão. A iniciativa faz parte do seu plano estratégico de ampliar negócios e oferecer soluções de baixo carbono, podendo impactar preços e a concorrência no país.

Por que a Petrobras quer voltar ao mercado de gás de cozinha?

De acordo com comunicado oficial, a Petrobras busca atuar em negócios rentáveis e em parcerias nas atividades de distribuição, respeitando contratos existentes. A decisão ocorre em um momento em que o governo federal, acionista controlador, tem expressado preocupação com os altos preços do botijão no Brasil. O presidente Lula criticou publicamente, em maio, a diferença entre o preço na Petrobras e o valor ao consumidor, chegando a R$ 140 em alguns estados.

Especialistas ressaltam que a retomada pode gerar incertezas para o mercado. Segundo Max Bohm, da Nomos Investimentos, a iniciativa poderia ser interpretada como um movimento político que prejudica a credibilidade da Petrobras. “Ela deveria focar em negócios mais estratégicos, como o pré-sal, e evitar riscos de decisões motivadas por interesses políticos”, afirmou.

Como foi a atuação da Petrobras na distribuição de gás antes?

Até 2020, a Petrobras participava do setor por meio da Liquigás, adquirida por mais de R$ 4 bilhões por consórcio formado por Copagaz, Itaúsa e Nacional Gás. A venda foi parte da estratégia do governo Bolsonaro de privatizar ativos e reduzir a participação estatal, refletindo a prioridade da Petrobras em concentrar recursos no pré-sal. A Liquigás tinha cerca de 4,8 mil revendedores e uma fatia de aproximadamente 21,4% do mercado nacional.

Sabendo-se que a distribuição de gás fornece retornos mais baixos, a estatal decidiu desinvestir para focar na exploração de petróleo, especialmente em águas profundas. Propagado como uma estratégia de redução de dívidas, o movimento impactou o setor e foi avaliado positivamente pelo mercado na época.

O botijão de gás poderá ficar mais barato?

Especialistas divergem sobre o potencial de redução de preços. Eric Gil Dantas, do Ibeps, cita estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) que mostra crescimento de 188% nas margens líquidas das distribuidoras entre 2020 e 2023, acima da inflação. Para ele, a volta da Petrobras ao setor pode criar espaço para diminuir as margens, oferecendo alívio ao consumidor, caso priorize o resultado financeiro.

No entanto, Bruno Benassi, da Monte Bravo, alerta que redução de preços pode comprometer a rentabilidade do setor. “Vai depender se a estatal priorizar resultados ou o bem-estar social. Uma redução brusca de margens pode prejudicar investimentos futuros”, alerta.

Os analistas do Citi também destacam que a retomada será gradual, exigindo investimentos de cerca de US$ 7 bilhões (aproximadamente R$ 38 bilhões), principalmente na compra de distribuidoras relevantes, o que torna o movimento complexo e dispendioso.

Como é formado o preço do gás de cozinha?

O preço médio do botijão de 13kg no Brasil é de R$ 107,49, podendo chegar a R$ 109,97 em São Paulo, conforme levantamento da ANP de agosto. O valor inclui custos de produção, impostos, além das margens de lucro de distribuidoras e revendedoras. Quatro empresas concentram quase 88% do mercado de distribuição no país, liderando a Copa Energia e a Ultragaz, respectivamente.

Qual a opinião do setor de distribuição sobre o retorno da Petrobras?

O Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás) avalia que a entrada da Petrobras não representa uma ameaça significativa à concorrência. “Qualquer novo participante sob as mesmas regras é bem-vindo. O setor já operou de forma saudável com a Liquigás”, afirma Sérgio Bandeira de Mello.

Ele também destaca que a maior redução de custos virá da eficiência logística, como a otimização de rotas e o uso de tecnologia de georreferenciamento. A entrada da estatal, no entanto, pode alterar a dinâmica do mercado dependendo do modelo de atuação adotado, observam especialistas.

Impactos na competitividade e futuro do mercado de gás

O setor permanece competitivo, mesmo com alta concentração. Segundo Bandeira, qualquer novo entrante altera a disputa por espaço e pontos de venda. Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, ressalta que se a Petrobras atuar apenas como distribuidora, sua influência será limitada, mas uma atuação mais agressiva, vendendo direto ao consumidor, pode transformar completamente o mercado.

Autoridades e analistas aguardam os próximos passos da Petrobras, que deve definir se irá atuar com frota própria ou apenas como distribuidora. Apesar dos desafios e do alto investimento previsto, a iniciativa sinaliza uma possível mudança na estrutura de mercado de gás de cozinha no Brasil.

Para mais detalhes, acesse a matéria completa no g1.

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