Brasil, 16 de setembro de 2025
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Mercosul assina acordo de comércio com EFTA em meio a tensões

Hoje, Mercosul ratifica acordo com EFTA; tensões com EUA aumentam após condenação de Bolsonaro.

O Mercosul assina nesta terça-feira (16) o acordo de livre comércio com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), que é composta por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. A ratificação coincide com novas ameaças do governo dos Estados Unidos em relação ao Brasil, após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por envolvimento em atividades golpistas.

Tensões entre Brasil e EUA

Na segunda-feira (15), o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que a condenação de Bolsonaro seria respondida pelo governo dos EUA. O ex-presidente foi sentenciado a 27 anos e três meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), devido à sua participação em um plano para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Rubio criticou o sistema judiciário brasileiro, aludindo a juízes que, segundo ele, perseguiriam Bolsonaro. “Esses juízes fazem tentativas de reivindicações extraterritoriais contra cidadãos americanos; portanto, haverá uma resposta dos EUA a isso”, declarou Rubio, evidenciando as crescentes tensões diplomáticas.

Este não é o primeiro episódio de atrito entre os governos dos EUA e o Brasil. Durante a gestão de Donald Trump, uma alíquota de 50% foi imposta a certos produtos brasileiros como resposta ao que Trump chamou de “caça às bruxas” contra Bolsonaro.

O que é o Mercosul

O Mercosul é um bloco político e econômico da América do Sul que visa à integração regional entre seus membros, composto por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. A Bolívia está em processo de integração ao bloco, que pode durar até quatro anos. O Mercosul também possui países associados, como Chile, Colômbia e Peru.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o intercâmbio realizado entre os membros do Mercosul atingiu R$ 17,5 bilhões entre janeiro e maio de 2025.

Acordo Mercosul-EFTA

Conforme analisa Leonardo Paz, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o aumento das pressões dos Estados Unidos sobre o Brasil favorece o avanço de acordos comerciais, diversificando os parceiros do país. “Trump criou um ambiente onde todos estão buscando melhores termos de comércio com outras regiões”, explica Paz.

O acordo entre Mercosul e EFTA, embora pequeno em volume, possui relevância devido à alta renda per capita dos países participantes, trazendo oportunidades, especialmente para a exportação de produtos agropecuários e de mineração do Brasil.

A ratificação desse acordo é vista como uma forma de estímulo à indústria manufatureira do Brasil, que enfrenta dificuldades para competir em mercados internacionais. “A indústria brasileira tem sido pouco competitiva, tornando difícil sua penetração no mercado global”, complementa Leonardo Paz.

A grande aposta do Brasil: relação com a União Europeia

Outra prioridade do Brasil é a assinatura do acordo comercial entre Mercosul e a União Europeia, que o presidente Lula almeja ratificar até o final deste ano. O acordo com a EFTA prevê quase 99% das exportações brasileiras com acesso livre ou preferencial aos países do bloco.

Produtos agrícolas, como carnes, milho, soja e frutas, terão cotas ou isenções tarifárias. Além disso, o acordo estipula a eliminação imediata de 100% das tarifas de importação da EFTA para bens industriais e pesqueiros, enquanto o Mercosul se compromete a liberalizar aproximadamente 97% do comércio.

A expectativa do governo brasileiro é de que a ratificação do acordo tenha um impacto positivo imediato de R$ 2,69 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e um aumento de R$ 660 milhões em investimentos até 2044.

Assim, neste cenário complexidade política e econômica, as ações do Mercosul refletem não apenas o comércio, mas também as tensões geopolíticas que influenciam a região.

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