Brasil, 16 de setembro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Hugo Motta tenta retomar PEC da Blindagem com nova proposta

Alvo de disputas no Congresso, a PEC da Blindagem ganha nova versão que pode abrir caminho para o debate da anistia dos investigados.

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), busca nesta semana retomar a discussão sobre a PEC da Blindagem, em uma versão que difere da proposta anterior defendida pelo Centrão. Esta nova abordagem implica que o Congresso não teria o poder de barrar a abertura de investigações contra deputados e senadores, mas caberia aos parlamentares decidir sobre o início de ações penais contra os seus pares. Os defensores da proposta acreditam que, com essa mudança, haveria menor resistência interna e uma postura mais conciliadora por parte do Judiciário, que enfrenta um período de impasse. A expectativa é que essa pauta possa ser colocada em votação já nesta terça-feira.

A anistia em debate

Além da PEC da Blindagem, Motta está trabalhando na votação relacionada à anistia dos investigados pelos atos de 8 de janeiro. Durante a reunião de líderes, realizada nesta terça-feira, o presidente da Câmara anunciou que, no dia seguinte, levaria ao plenário o pedido de urgência para a proposta apresentada por Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). Contudo, a avaliação em torno do presidente da Casa é de que o requerimento pode ser rejeitado, o que abriria espaço para a discussão de um texto alternativo que está em debate no Senado.

Esse texto alternativo está sendo relatado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e visa a redução das penas para crimes contra a democracia, sem, no entanto, abordar a questão da anistia. Essa proposta é considerada mais equilibrada e tem maior chance de prosperar em comparação com o projeto da Câmara.

Desafios e estratégias políticas

Os líderes do governo estão engajados em barrar o avanço da proposta de anistia. Caso a pauta chegue ao plenário, eles se preparam para votar contra o pedido de urgência, complicando o andamento da proposta. Na tentativa de desbloquear a tramitação da PEC, Motta decidiu trocar o relator: saiu Lafayette de Andrada (Republicanos-MG) e entrou Cláudio Cajado (PP-BA), aliado próximo do ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Lafayette havia demonstrado resistência à inclusão no texto da previsão que a Câmara precisaria referendar as condenações.

Este movimento se seguiu a uma reunião no final de agosto, onde Lafayette deixou claro aos líderes que não desejava arcar sozinho com o desgaste político, o que resultou em sua saída do projeto. Cajado, por sua vez, assume a responsabilidade de elaborar uma versão mais enxuta e “palatável”, que possa recompor apoios e levar a PEC ao plenário sem intensificar ainda mais a tensão com o STF.

Perspectivas futuras

Apesar das alterações, o futuro da proposta continua incerto. Líderes centristas e da oposição consideram que há condições para votar na PEC ainda nesta semana, enquanto aliados próximos de Motta levantam a possibilidade de que o presidente da Câmara possa optar por evitar um confronto direto com o Supremo neste momento, considerando o acúmulo de atritos entre os poderes.

Além de negociar a PEC da Blindagem, Motta também está ajustando sua estratégia em relação à anistia. O movimento de pautar a urgência do projeto de Sóstenes pode ser interpretado como uma jogada tática: ao rejeitar a urgência, os deputados estariam abrindo caminho para discutir a versão proposta por Alcolumbre.

Diferentemente do texto da ala bolsonarista, a proposta do Senado não é ampla e irrestrita, limitando os beneficiados e buscando evitar um eventual veto do Supremo. Nos últimos dias, Motta tem sinalizado a líderes oposicionistas que a versão desejada pelos bolsonaristas dificilmente teria votos suficientes para ser aprovada na Câmara.

Ainda assim, o cenário político continua dinâmico, e as próximas decisões na Casa Legislativa poderão ter impactos significativos nas relações entre os poderes e na condução das investigações atuais.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes